segunda-feira, agosto 04, 2014

Novas edições:
Spoon

“They Want My Soul”
Epitaph
3 / 5

Não é uma regra, mas são muitos os exemplos de carreiras que nascem e ganham fôlego em terreno “alternativo” e que, mais dia menos dia, arrumam tanto as ideias que acabam no limiar de um eventual (muitas vezes sonhado – o que se entende e não é por si mesmo coisa má) salto para terreno mainstream. Os Blur são um bom exemplo da coisa bem feita. E mesmo tendo exagerado na arrumação ao quarto álbum, acabaram por redescobrir a inquietude criativa que antes os motivara e ao quinto disco eram novamente uma força criativa maior, tendo sabido no processo encontrar uma forma de manter uma plataforma alargada de espectadores. E toda a gente ficou feliz. Os Spoon, em 2014, têm muito mais tempo de vida em cima das suas costas que os Blur quando, em 1994 viram algumas canções de Parklife transformado nos sabores da estação. Naturais de Austin (Texas) têm assinado uma obra consequente e fiel aos princípios que, disco após disco, foram explorando sob aclamação crítica, com resultados igualmente visíveis entre o mercado (sobretudo nos EUA) sobretudo nos seus dois últimos discos. Saíram de cena por uns tempos após o álbum Transference, de 2010. E quatro anos depois regressam com They Want My Soul, um disco que segue a linha “clássica” na abordagem à canção (e instrumentação) que a formação do grupo sempre privilegiou mas que, face ao que mostraram em discos anteriores revela uma dieta de acontecimentos periféricos (as pontuais guitarras mais angulosas, ocasionais ocorrências acústicas, ou eventuais demandas de outra arquitetura rítmica ou soluções texturais), centrando ideias num corpo mais coeso, indiscutivelmente bem estruturado e polido, mas musicalmente mais pobre de tão focado e disciplinado. Ao contrário de uns Arcade Fire, que com Reflektor amplificaram o espectro da sua identidade musical ao mesmo templo que subiram de fasquia no departamento da popularidade, os Spoon de 2014 têm tudo para dar nas vistas, mas fazem-no com um álbum apenas bem feito (com uma ou outra faixa mais que apenas interessante, é verdade), se bem que menos nutritivo que outros episódios anteriores na sua carreira.