domingo, agosto 17, 2014

Memórias de Lauren Bacall (3/5)


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O chamado ensemble cast não foi, de facto, uma invenção de Wes Anderson (que, em qualquer caso, faz do seu conceito uma brilhante utilização — veja-se o exemplo de Grand Budapest Hotel). Estava-se em 1955. Integrada nesta galeria de notáveis — a que não falta o nome de uma glória vinda do tempo do mudo: Lillian Gish —, Bacall surgia no interior de um dos primeiros dramas de Hollywood a colocar em cena a actividade psiquiátrica em perverso cruzamento com os valores tradicionais do universo conjugal (mesmo se, é verdade, Hitchcock já tinha feito o seu Spellbound/A Casa Encantada dez anos antes). Aliás, por alguma razão, The Cobweb recebeu, entre nós, o título de Paixões sem Freio, evitando a referência à "teia de aranha" do original. No cartaz, em baixo, num corpo mais reduzido, surge o nome de Vincente Minnelli, aliás ausente do próprio trailer [video] — sem desprimor para Bacall e seus ilustres companheiros, é ele o principal arquitecto de tão subtil teia narrativa.