quinta-feira, julho 10, 2014

A FIFA e o seu futebol (2/2)

Como é que o mundo do futebol de vê a si próprio? Digamos que, no caso da FIFA, as ideias cinematográficas não abundam... — este texto foi publicado no Diário de Notícias (4 Julho), com o título 'Em formato de sermão'.

Decididamente, não é fácil ter um discurso ágil sobre o futebol. A maior parte dos comentadores televisivos vive no desespero dos resultados “justos” e “injustos”, imaginando-se a presidir a um tribunal implacável, alheio ao gosto plural do próprio jogo. Ao mesmo tempo, o cinema tende a olhar o universo futebolístico como uma galeria de curiosidades mais ou menos pitorescas.
O caso de Paixões Unidas é tanto mais desconcertante quanto esta história da FIFA —financiada pela própria FIFA — vai reduzindo os seus dirigentes a cromos angelicais cuja caracterização psicológica obedece à retórica de um vulgar telefilme [foto: Gérard Depardieu no papel de Jules Rimet].
Dir-se-ia que a visão histórica do mundo oficial do futebol apenas se reconhece na mais patética mediocridade cinematográfica. Cinco minutos de transmissão televisiva de um jogo da Premier League inglesa dizem mais sobre o futebol e as suas vivências do que este sermão simplista sobre as virtudes da FIFA.