terça-feira, maio 20, 2014

Novas edições:
Conor Oberst, Upside Down Mountain

Conor Oberst
“Upside Down Mountain”
Nonesuch
3 / 5

Nos noventas e primeira metade da década dos zeros o panorama indie tinha em Conor Oberst uma figura de referência, não apenas pela excelência da obra que ia assinando (sobretudo via Bright Eyes), como pela multidão de projetos nos quais desdobrava as suas atenções, servindo ainda de farol para muitos dos que por perto iam dando corpo a uma cena alternativa que florescia pelos lados de Omaha (mo Nebraska). O momento ímpar em que, no mesmo dia de 2005, lançou os álbuns I'm Wide Awake It's Morning e (o mais eletrónico) Digital Ash in a Digital Urn, representou todavia um episódio de viragem, de então para cá a série de títulos que lançou via Bright Eyes, Monsters of Folk ou com a Mystic Valley Band não tendo agitado águas e encantado como as trovas de outrora. Até que, depois de um álbum de Bright Eyes em 2011 resolveu parar. Partiu em 2012 para a estrada para uma digressão a solo que o levou por salas da Europa e América do Norte. Lançou depois três singles pelo projeto Desaparecidos. E agora, ao editar Upside Down Mountain apresenta aquela que é a sua primeira coleção de sua inteira autoria desde 2008. A voz é a de sempre, a composição traduz uma visão há muito experimentada, regressam colaboradores habituais, e pelas referências cruzam-se espaços que vão de terrenos indie a domínios da balada rock clássica, não fechando porta à presença do espaço americana... Pena contudo em vários momentos do disco as opções de arranjos terem caminhado no sentido de soluções mais convencionais, de certa forma afogando ideias e as respetivas canções. Há exceções. E ao ouvirmos temas como Artifact #1, Night At Lake Unknown, You Are Your Mother's Child ou Double Life reconhecemos sinais diretos de um desejo de reencontro com a alma das canções que fizeram os melhores discos de Bright Eyes. Se este é um disco de reativação de um labor que já nos deu grandes álbuns, fica ao menos bem claro que a alma que mais brilha na obra de Connor Oberst ainda está intacta.