Infelizmente, o Noé, de Darren Aronofsky, é um espectáculo incapaz de harmonizar (?) as suas intenções filosóficas com os formatos da "superprodução digital". Em todo o caso, há um lapso que importa corrigir. Assim, se é verdade que uma boa banda sonora nunca salvou um filme, não é menos verdade que há bandas sonoras que sobrevivem, como entidades autónomas, aos próprios filmes a que pertencem... Será, talvez, o caso da música composta por Clint Mansell para Noé. Uma coisa é certa: nessa banda sonora, mais precisamente no genérico final, deparamos com uma breve dádiva divina, devidamente intitulada Mercy Is — uma canção de Patti Smith, acompanhada pelo Kronos Quartet.