Shit Robot
“We Got a Love”
DFA Records
3 / 5
Há quatro anos o álbum From the Cradle to the Rave assinalava a estreia nesse formato do projeto Shit Robot, aventura de Marcus Lambkin, um irlandês que colaborou ativamente com James Murphy quando viveu em Nova Iorque na alvorada do milénio e que, quando em 2004 se mudou para um espaço na Alemanha rural, começou a produzir discos que foi editando através da DFA Records. O álbum que em 2010 assinalava a estreia de Shit Robot contava com a colaboração de Alexis Taylor (dos Hot Chip) ou de James Murphy, entre outros. Quatro anos depois We Got a Love mostra nova investida segundo princípios formais semelhantes, embora desta vez o alinhamento pareça traduzir uma ideia mais focada em citar gostos e referências que em propor um corpo de composições em que a escrita seja o valor maior em cena. Criado em terreno electrónico (como de resto o fora o álbum de estreia), o novo We Got a Love por vezes parece sugerir o que poderia ser uma galeria de “quadros” que expressem episódios ou referências da história da relação das electrónicas com a música de dança. The Secret, que abre o alinhamento (com Reggie Watts) navega em terreno space disco. Dingbat, logo a seguir (sob parceria The Musem of Love) visita cenografias electro a recordar pioneiros dos setentas, terreno novamente explorado em Space Race. Do It Right (com Lidell Twinswell) recorda temperos da house dos oitentas. Já Feels Like (com Holly Backler) mergulha em terreno deep house, ao tema-título cabendo o desafio de nos levar numa excursão ítalo house, o alinhamento encerrando, entre citações ao techno e acid house, em Tempest. Sonicamente uma experiência deliciosa, revelando um saber na exploração das formas e épocas que revisita, o álbum carece apenas de uma melhor coleção de composições. Com melhor escrita esta montra de referências saborosas seria mais compensadora.