Dum Dum Girls
“Too True”
Sub Pop
3 / 5
A revisitação de referências e o regresso a modelos estão longe de ser os condimentos pelos quais se faz a linha da invenção pop/rock. Porém, não são raras as ocasiões em que de elementos que fizeram a história de outros tempos nascem canções que fazem belos discos (novos) para escutar no presente. E dos ecos dos sessentas de uns Last Shadow Puppets à angulosidade da new wave que animou os temas da estreia dos Franz Ferdinand, não faltam até exemplos dignos de figurar entre as colheitas mais gourmet de cada novo ano. Too True, o terceiro álbum das norte-americanas Dum Dum Girls, não será exatamente um marco na história de 2014 como o foram estes dois casos agora citados. Mas, e com a preciosa (e notória) ajuda de Richard Gottehrer (dos Raveonettes) na produção, o disco é uma revela uma bela coleção de canções rock que, mais arrumadas que nos dois álbuns anteriores do grupo, nos conduzem por um sentido de familiaridade que por um lado evoca o sentido indie rock que fez escola na 4AD com Throwing Muses e Belly, por outro transporta carga pop que caminha entre as visões para guitarras de uns Siouxsie & the Banshees ou The Jesus & Mary Chain. É de resto presença vincada da reverberação de guitarras que se juntam a mais guitarras e o sentido pop luminoso destas pequenas canções feitas doces de três minutos que fazem deste disco um episódio que dá às Dum Dum Girls um valente solavanco para lá de uma certa inconsequência em que a sua obra até aqui caminhava. Não inventaram nada, assinale-se. Mas ao arrumar melhor as ideias deixaram ouvir as canções com outra nitidez. E passaram a ser nome indie pop/rock a seguir com atenção.