Chris Garneau
“Winter Games”
Clouds Hill
4 / 5
Faz-se e edita-se música a mais. E entre a enxurrada de títulos e sons muitas vezes há pequenas pérolas que acabam por passar longe das atenções. É o caso de Winter Games, o terceiro álbum do cantautor norte-americano Chris Garneau. Dei por ele há uns anos ao som de Relief, canção que então anunciava a chegada de Music For Tourists (2006), o seu álbum de estreia. Pelo caminho lançou mais um EP e um segundo álbum de originais a que chamou El Radio (2009). E fez-se silêncio... Editado entre a voragem dos títulos que olham esbugalhados para o mercado do Natal, Winter Games (teve lançamento em novembro de 2013) foi coisa quase muda na altura. Cruzei-me com o disco, finalmente, há poucos dias. E valeu a espera. O álbum surgiu num tempo de mudança na vida do cantor, que deixou Nova Iorque para viver numa quinta mais a norte, no mesmo estado, passando a semana entre a paisagem e os animais, com a visita do namorado aos fins de semana. Com o Inverno como mote, as canções que foi compondo são pequenas notas sobre a solidão, que a voz tranquila e aguda (e em ocasional incursão pelo falsetto) do cantor se junta ao piano que dirige os acontecimentos, sob a moldura de arranjos elaborados e aconchegantes. Com nomes como Tori Amos, Nick Drake ou Eliott Smith por referência, Chris Garneau cria em Winter Games um plácido ciclo de canções num registo de elegante pop de câmara, propondo em Winter Games o seu mais coeso conjunto de canções. E que vale a pena não deixar viver no silêncio pelo qual tem caminhado.