domingo, março 30, 2014

Um olhar maior sobre Bernstein


Há antologias e antologias... Mas esta bate as demais aos pontos. Não apenas pela dimensão (inclui 59 CD, um DVD, um livro, e tudo isto numa caixa com as dimensões da capa um álbum de vini), como também pelo protagonista que coloca na berlinda e a vastidão de obras (épocas e formas) que as gravações aqui documentam. Apresentada como The Leonard Bernstein Collection – Volume One, esta caixa antológica enceta assim uma revisão do catálogo que o compositor e maestro norte-americano registou no período em que esteve ligado à Deutsche Grammophon (sendo importante referir aqui que outra etapa significativa do seu percurso discográfico foi registada pela Columbia Records, etiqueta hoje integrada na Sony Music).

Os primeiros 15 CDs são dedicados a Beethoven, recuperando gravações das suas sinfonias, de três dos seus cinco Concertos Para Piano, aberturas, versões orquestradas de quartetos de cordas, a Missa Solene e a ópera Fidelio.

O segundo corpo maior desta recolha foca obras do próprio Bernstein, entre as quais as suas sinfonias, alguns bailados (como Fancy Free, Dybukk ou On The Town), canções, a suite criada a partir da música que compôs para Há Lodo no Cais, de Elia Kazan, elementos da Missa, a opereta Candide, a ópera A Quiet Place (que integra Trouble In Tahiti), a White House Cantata e a música de West Side Story. O DVD acrescenta um ponto de vista a esta última obra, levando-nos aos bastidores de uma gravação.

A caixa passa ainda por obras de Lizst, Britten, Brahms (as quatro sinfonias e concertos), Bizet (uma Carmen), Bruckner, Debussy, Dvorák, Elgar, Haydn, Franck, Roussel, Hindemith, Arrigo Boïto e pelos norte-americanos Aaron Copland e Del Tredici, Roy Harris e William Howard Schuman.

De fora fica, para já, a importantíssima contribuição de Bernstein para a (re)descoberta da obra de Mahler, que possivelmente será assim uma peça central num eventual segundo volume, ainda não anunciado. 

A diversidade de registos sublinha as qualidades raras do maestro. Mas a coexistência de exemplos de direção de orquestra com a presença de obras da sua autoria deixa claro que nem só de um grande maestro se deve falar quando se fala de Bernstein. Ele foi, sem dúvida, um dos maiores compositores do século XX e um dos que mais soube mostrar como foi do diálogo entre géneros e das vivências entre referencias distintas que viveu a cultura na idade da comunicação. Ele sendo assim uma das suas maiores vozes.