terça-feira, março 18, 2014

Novas edições:
CEO, Wonderland

CEO
“Wonderland” 
Modular / Popstock 
3 / 4 

Há sempre um tremendo grau de imprecisão quando de aplicam generalizações sem a cautela que o método científico sugere. Uma das generalizações muitas vezes levantadas quando se fala da oferta pop/rock made in Suécia foca atenções numa fluente e viçosa produção. O país é de facto um dos maiores produtores mundiais de discos pop/rock (e a vitória eurovisiva dos Abba em 1974 abriu definitivamente rotas de comunicação com as atenções à escala global), o que não nos deve contudo fazer crer que só de pop vive a música sueca. CEO, ou seja, o projeto a solo de Eric Berglund (dos The Tough Alliance) é contudo mais um nome a vincar a alma pop que domina a balança de exportações da música sueca do nosso tempo. Três anos depois de se ter estreado em White Magic, CEO reforça em Wonderland o gosto pelo talhar de uma pop garrida (o que a capa desde logo sugere), procurando encontrar possíveis pontes entre referências indie do nosso tempo, um trabalho prioritário com eletrónicas e uma produção polida e arrumada (e, lá voltamos à generalização, essa é mesmo uma das imagens de marca de muita da pop sueca que aqui nos chega). Entre as canções e os instrumentais, entre momentos mais inspirados e outros nem tanto assim, entre uma curiosidade por uma ideia de pop dançavel e ritmicamente empolgante e a construção de cenografias ambientais mais tranquilas e elaboradas, Wonderland é um disco desigual, mas do qual emergem alguns momentos que vale a pena reter. Worehouse, lançado como aperitivo, explora caminhos que podemos entender como uma expressão da canção pop numa idade em que a cultura popular assimilou já os ensinamentos da música feita de uma certa animação circular dos Animal Collective. Wonderland, o tema-título, é mesmo a peça central do alinhamento e mostra como as ideias que o grupo de Baltimore podem ser matéria prima para novas reflexões pop. Já temas como Juju ou In a Bubble on a Stream dão conta de uma personalidade mais cinematográfica que oferece bons episódios de contraste. Com 38 minutos de duração Wonderland é um disco saboroso. Podia ser melhor. Mas dá-nos bons momentos de luz pop, bela banda sonora para uma Primavera que está aí a chegar...