segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Novas edições:
Pick a Piper, Pick a Piper

Pick A Piper
“Pick A Piper”
City Slang / Popstock
3 / 5

Os projetos a solo são, muitas vezes, espaços de materialização de ideias que não cabem no contexto da banda na qual se vive o trabalho central. Ou, porque não, terreno para respirar um pouco por conta própria... Parece ser mais neste segundo plano que cabe o que nos propõe o projeto Pick a Piper, que na verdade não é mais senão Brad Weber, o baterista de Caribou, juntamente com alguns amigos e colaboradores, recrutados entre bandas do firmamento indie do nosso tempo, entre os quais os Ruby Suns ou Born Ruffians, muitos deles presentes para fornecer vozes às canções e ensaios nas suas imediações que aqui se apresentam (e com frequentes sinais da presença das almas das respetivas personalidades das suas bandas expressas nos momentos em que aqui participam). Depois de alguns EPs, eis que nos dá um álbum (a que chama Pick a Piper) e que, editado lá fora em 2013, tem agora distribuição entre nós. Não estamos na verdade muito longe dos caminhos que temos conhecido via Caribou, as electrónicas dominando composições que mostram sempre uma atenção marcante sobre o espaço cénico sobre o qual ora se materializam canções (como a belíssima Zenaida) ou evoluem experiências de formas menos arrumadas, experimentadas mais ao sabor de quem desbrava o som em busca de respostas (ocasionalmente espreitando flirts mais jazzy, sobretudo quando convoca metais). Convenhamos que essas respostas parecem mais firmes e consequentes quando Brad investe na estruturação das ideias de modo mais cuidado, os episódios em forma de canção sendo no fim os mais cativantes de um alinhamento que ocasionalmente respira instantes de bela luminosidade. Não será este um disco para reinventar depois os caminhos de Caribou nem para fazer a multidão indie do nosso tempo mudar de linha. Mas garante alguns belos momentos de escuta.