segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Novas edições:
Broken Bells, After The Disco

Broken Bells
“After The Disco”
Columbia Records
3 / 5

Na tradição dos acontecimentos clássicos na história pop/rock podíamos estar aqui a falar de um “supergrupo”... Afinal um deles é James Mercer, a voz e alma central dos The Shins, uma das mais aclamadas bandas do panorama indie pós-milénio (com obra sobretudo marcante nos seus três primeiros álbuns). E o outro chama-se Brian Burton músico que, sobretudo (re)conhecido como Danger Mouse, é um dos produtores mais marcantes do nosso tempo, com responsabilidades por elevadas através da criação dos Gnarls Barkley, onde militou... Talvez lhes possamos antes dar a “tag” de “superduo” (pelo currículo, entenda-se). Juntaram-se como Broken Bells em 2010 dando-nos então um belíssimo lote de canções pop que projetavam a sensibilidade clássica de Mercer num espaço cenicamente capaz de estabelecer diálogos com uma instrumentação mais alargada que a presente nos The Shins, nomeadamente através de uma mais evidente presença das eletrónicas. Em 2013 anunciaram o reencontro para a criação de novo episódio e agora confirmam em After The Disco que os horizontes que procuram enquanto Broken Bells continuam aberto ao seu desejo de explorar novas cenografias para uma ideia clássica de canção. Partindo do ponto onde Broken Bells nos deixara há quatro anos, After The Disco é um álbum de alma melancólica, saboreando o clima do fim de noite ou da manhã seguinte, quando o cansaço se abate sobre o corpo e a mente flutua entre memórias recentes e as dúvidas do que fica então pela frente... O tema-título transporta ainda ecos de uma pulsão rítmica mais evidente (naquele que é de facto um dos temas centrais do alinhamento), mas conhece contraponto no mais tranquilo clima que acolhe Holding on For Life, servido ainda em finais do ano passado como aperitivo para o álbum (num espaço entre a pop e a ressaca do disco que a dados momentos quase evoca uns Imagination, embora em claro terreno Mercer). O corpo de canções caminha entre estes espaços, unindo electrónicas de carga vintage e um sentido clássico na escrita pop a ocasionais encontro com um mais elaborado trabalho coral e abrindo frestas à presença, em alguns instantes, de uma orquestra. É um disco afinado nas ideias e nas formas. Polido nas arestas. Porque nem toda a pop tem de ser coisa no gume da invenção.