quarta-feira, janeiro 22, 2014

Novas edições:
Stephen Malkmus & The Jicks,
Wig out of Jagbags

Stephen Malkmus & The Jicks
“Wig out of Jagbags”
Domino/Edel
4 / 5

Com a memória dos Pavement devidamente arrumada entre o grande livro das referencias maiores da história do rock “alternativo”, Stephen Malkmus continua a dar sinais de ser uma alma capaz de dar continuidade a uma obra sem sentir a necessidade de mergulhar em “reinvenções” ou novas “revoluções”. Juntamente com figuras que o precederam nesta mesma caminhada como Dean Wareham (que em tempos militou nos Galaxie 500 e, mais tarde, Luna), Kristin Hersh (que descobrimos nas Throwing Muses) ou Thuston Moore (uma das almas dos Sonic Youh), ele é hoje um veterano que, com atividade marcante nos noventas, continua assim a assinar uma obra consequente que sabe não viver do peso da nostalgia (onde os músicos dos Pixies, por exemplo, têm centrado muita da sua atividade na última década). Wig Out of Jagbags é o quinto álbum que edita depois de assinada a discografia dos Pavement. Apresentado uma vez mais sob a designação conjunta de Stephen Malkmus & The Jigs (afinal é no quadro de uma banda que aprendeu a operar e se sabe expressar), o disco representa mais um episódio de continuidade numa obra que tanto sabe ser herdeira dos ecos (depurados) do punk americano, como de referencias mais remotas que ocasionalmente transportam o calor caleidoscópico das cores descendentes do psicadelismo (sem contudo o expressar de forma tão evidente como muitos outros o mostram). De arestas menos polidas que o anterior Mirror Trafic (de 2011, produzido por Beck), o novo disco é um exemplo sóbrio de uma música feita para guitarras onde, apesar de se expressar uma personalidade e um caminho, não se fecham portas a eventuais percursos por transversais nas suas periferias quando evocam um tom solarengo californiano (sob a bênção punk) num Rumble at The Rainbo, quando a placidez de um outro mais pacato labor cénico traduz outros climas e tons no belíssimo J Smoov, ou avançam por um espaço de diálogo mais “clássico” (ler finais de sessentas) com metais no empolgante Chartjunk ou até se visitam ensinamentos da escola Velvet/Lou Reed em Independence Street. Pode não haver entre as canções argumentos suficientes para deste álbum fazer bem um clássico deste tempo nem um dos títulos de referencia maior na discografia de Malkmus. Mas é um belíssimo disco de canções rock. E tomara muita gente com mais de 20 anos de discos continuar a fazer coleções de canções como as que o ex-timoneiro dos Pavement nos continua a mostrar.