Harold Budd
“ Wind In Lonely Fences 1970 – 2011”
All Saints Records
4 / 5
Se a Brian Eno cabem os louros mais mediáticos da criação de uma ideia de “música ambiental”, a outros músicos devemos importantes contribuições para o alargamento de horizontes desse mesmo espaço. Entre eles conta-se o norte-americano Harold Budd (n. 1936), um compositor com carreira académica e uma série de importantes experiências de abordagem a algumas vanguardas musicais (entre elas o minimalismo) nas décadas de 60 e 70, cuja obra encetou nova etapa (e trilhou novos caminhos) depois de um primeiro encontro com Brian Eno no álbum The Pavillion of Dreams, em 1978. Da colaboração entre ambos – da qual nasceriam mesmo álbuns conjuntamente assinados como Ambient 2: The Planeaux of Mirror (1980) ou The Pearl (1984) – surgiu uma demanda por uma música mais cenográfica que narrativa, tranquila na essência, atenta sobretudo às sonoridades do piano (desenvolveu mesmo uma maneira de tocar que acabou conhecida como soft pedal), mas acolhendo igualmente a presença de outros teclados e, desde cedo, um interesse por várias expressões de figuras repetitivas. A obra de Harold Budd viveu frequentemente de parcerias, juntando-o a nomes como John Foxx (vocalista da formação original e um dos pioneiros da chamada cold wave), Andy Partridge (dos XTC) ou Robin Guthrie (dos Cocteau Twins). Apresentado num formato de CD duplo, Wind In Lonely Fences 1970 - 2011 é um belíssimo retrato breve da discografia de Harold Budd, atravessando referências de várias etapas, ora revelando peças centradas no piano ora na exploração de drones e texturas mais densas, e apresentando momentos que nasceram de algumas destas importantes colaborações com figuras do firmamento pop. Um 'best of', portanto, serve assim de registo de memórias ou cartão de visita para iniciados num momento em que Budd reedita em vinil três dos seus discos – The Serpent (in Quicksilver) (de 1981), Abandoned Cities (1984), and Through the Hill (1994) – e lança uma caixa antológica feita de sete discos.