sexta-feira, dezembro 06, 2013

Reedições:
The Velvet Underground,
White Light White Heat

The Velvet Underground 
“White Light / White Heat - 45th Anniversary DeLuxe Edition” 
Verve / Universal
5 / 5 

Editado em 1967 o álbum de estreia dos The Velvet Underground abria um novo capítulo na história da música. Na verdade não foi imediata a perceção desse “valor” histórico, a sua real importância começando aos poucos a notar entre as muitas descendências que dele decorreram. De resto, é célebre a frase de Brian Eno que recorda que poucos terão sido os que na origem compraram o disco, mas que todos eles terão depois formado uma banda. 46 anos depois podemos recordar esse disco como o momento fundador de uma atitude musical pouco dada a conformismos e às sugestões dos sabores e modas do momento que acabaria por ser reconhecida mais tarde sob a designação “rock alternativo”. The Velvet Underground and Nico foi o primeiro disco do grupo, mas na verdade é no seu segundo álbum que podemos encontrar o mais fiel dos retratos do que então de facto o grupo representava de diferente. Já sem a influência da visão das “canções de amor” de Andy Warhol (originalmente agindo como manager, sendo também creditado como “produtor”, da sua lavra havendo aqui apenas a sugestão da utilização do negro na capa) nem a presença vocal de Nico, que entretanto acabara afastada e seguia a sua carreira a solo, o segundo álbum é de facto o único que resulta do trabalho dos quatro elementos da formação original do grupo: Lou Reed, John Cale, Moe Tucker e Sterling Morrisson. A vida intensa de palcos em 1967 acabou naturalmente projetada nas sessões de gravação das quais nasceu White Light / White Heat, que chegaria aos escaparates das novas edições em janeiro de 1968, vivendo poucas semanas depois uma muito curta passagem (de apenas duas semanas) pela tabela da Billboard, não subindo além do nº 199. Mais abrasivo que o som do álbum de estreia (reflexo do que acontecia em palco), o álbum expressa também a presença de rotinas entretanto criadas em palco, com momentos de jamming sobre os quais a voz de Lou Reed contava histórias. O longo Sister Ray e o intrigante The Gift (com voz num dos canais do estéreo e os acontecimentos musicais, plenos de eletricidade, no outro) são exemplo desses caminhos, cabendo ao mais “convcencional” Here She Comes Now a mais evidente ponte com a abordagem mais clássica ao formato da canção que definira muitos dos momentos do álbum de estreia. A liberdade formal, a presença evidente da distorção alargavam horizontes a uma música que, liricamente, mantinha vibrantes as demandas por histórias de sexo, drogas e vidas urbanas que o disco de estreia já retratara. 45 anos depois, uma edição comemorativa junta ao curto alinhamento do álbum um significativo lote de maquetes e takes alternativos (com canções como Begining To See The Light ou Hey Mr Rain) e um segundo CD com o registo de um concerto integrado na célebre residência no Gymnasium (em Nova Iorque), em finais abril de 1967, por alturas das sessões das quais nasceu este disco.