quarta-feira, novembro 20, 2013

Novas edições:
Au Revoir Simone, Move in Spectrums

Au Revoir Simone
“Move In Spectrums”
Moshi Moshi
3 / 5

Tinham encontrado o nome numa deixa de um filme de Tim Burton. O seu álbum de estreia, editado em 2005, tinha feito discreta carreira longe das atenções. Mas quando em 2007 se apresentaram com o saboroso The Bird of Music, ainda por cima sob as declarações de algum entusiasmo do admirador David Lynch, as Au Revor Simone eram, de repente, um nome no mapa. Causaram algum furor indie (justificado, sublinhe-se) lançando naturalmente as bases para um percurso maior que subia de escalão no departamento do reconhecimento (e popularidade). Mas depois de tão promissora revelação, em 2009 o sucessor Sill Night, Still Light revelou relativo desconsolo num alinhamento menos vitaminado nas ideias (e sem tão belas canções). E agora Move In Spectrums confirma que, talvez, aquele momento em 2007 tenha representado a única real “aberta” capaz de fazer luz num espaço que, reconheçamos, é cénica e sonicamente coerente, mas onde não parecem estar a regressar os momentos de inspiração maior que fizeram desse um dos mais belos discos pop da primeira década do século, feito de canções que mostravam felizes episódios de encontro entre electrónicas, uma simplicidade pastoral e luminosa nascida de ecos da folk e uma pose herdada de vivências shoegaze mas que, como a foto da capa mostrava, se revelava vestida de branco e em paisagem discretamente iluminada pela luz do sol. O quarto álbum das Au Revor Simone abre, com More Than, ao som de um belo instante pop, o único em que recuperam o fôlego das melhores canções do álbum de há seis anos. Depois voltamos a caminhar entre terreno familiar (o que não é nenhuma desgraça, acrescente-se), entre momentos de maior fulgor rítmico, sob uma melancolia sempre evidente (e talvez uma mais nítida expressão de admiração por ecos da cultura urbana indie da alvorda dos oitentas, como se escuta em Crazy, com sabor a New Order das primeiras colheitas). Não se trata de um disco menor. Mas perante a memória daquele momento de luz que se fez em 2007, o disco, mesmo coerente e cuidado nas formas, acaba com aquele sabor a promessa não cumprida. Sobretudo porque faltam canções para fazer destes sons e destes cenários tão inspiradores um acontecimento capaz de despertar novamente aquela luz tão rara que recordamos de The Bird of Music.