terça-feira, outubro 29, 2013

Novas edições:
Oneohtrix Point Never, R Plus Seven

Oneohtrix Point Never
“R Plus Seven”
Warp Records 
4 / 5 

Por vezes nada como ter a “caução” de alguém ou a representação do seu trabalho num “lugar” para que uma obra ganhe outra visibilidade (e dimensão). O projeto Oneohtrix Point Never, através do qual o norte-americano Daniel Lopatin tem editado parte significativa da sua obra pode dever o (merecido) entuisasmo generalizado que o seu novo R Plus Seven está a conhecer a uma série de fatores recentes. Fatores que não secundarizam os valores musicais que fazem deste um dos grandes lançamentos da reta final de 2013 mas que, garantidamente, cativaram atenções. Um deles terá sido o facto de, em 2011, Lopatin ter sido convidado pelos Animal Collective para atuar no All Tomorrow's Parties, facto que chamou mais atenções para Replica (2011), o sucessor do já de si promissor Returnal (2010) e que poderá ter tido como uma das suas consequências a aproximação da Warp Records, que entretanto o chamou para o seu catálogo. Mas mais recente, e certamente mais influente sob o apetite com que muitos acolheram o novo disco, estará certamente o facto de ter colaborado na banda sonora de Bling Ring, o mais recente filme de Sofia Coppola e um dos casos notáveis de boa relação do cinema com a música entre os títulos que passaram já pelos ecrãs este ano. Não podemos contudo reduzir R Plus Seven a um alvo de atenções de entusiasmo hipster. O disco fala por si e mostra como, depois do foco essencialmente apontado à criação de texturas e cenografias que Lopatin apresentou em 2012 no álbum Instrumental Tourist (que co-assinou com Tim Hecker), agora procura uma reflexão mais vincada no campo da composição de um discurso que tanto procura a exploração da melodia como de uma estrutura rítmica mais ordenada. Desde a faixa de abertura são evidentes os motivos de interesse sónico que evocam sonoridades com genética em eletrónicas dos oitentas (terrenos In The Nursery e afins) e uma curiosidade evidente pelas estéticas da repetição que toma Glass e Reich por paradigma, mas que se aproximam aqui mais aos espaços de diálogo com terrenos sónicos então algo próximos da pop como os que em tempos escutamos nas primeiras edições em disco de Wim Mertens ou de Peter DeHavilland. Disco instrumental, R Plus Seven não esquece a relação cara que Lopatin parece ter com as eletrónicas ambientais. Mas é na vibração luminosa das linhas que repete e no fulgor rítmico que aqui frequentemente visita que nasce a alma de um disco que tem tudo para ser ser um dos títulos mais sedutores deste final de ano.