quarta-feira, outubro 09, 2013

Novas edições:
Icona Pop, This Is... Icona Pop

Icona Pop 
“This Is... Icona Pop” 
Big Beat Records / Parlophone 
2 / 5


O que vale um êxito global? Vale o que vale... Inscreve uma canção na banda sonora do seu tempo. Dá visibilidade mediática (nem que por 15 minutos de fama). Se for coisa de dançar, então entusiasma a pista de dança com gritos e braços no ar ao soar dos primeiros acordes... E depois? E depois é que pode ser complicado. Com carreira desde 2009, apresentadas pelo promissor single Manners (que a editora Kitsuné incluiu num dos volumes da sua série de compilações), as suecas Icona Pop foram contudo transportadas para um patamar de entusiasmo maior quando, de uma colaboração com Charli XCX nasceu I Love It, sem dúvida um clássico de dança com alma pop, feito de elementos eletro, com alguma rugosidade punk (mas devidamente polida)... Houve um primeiro e discreto álbum em 2012, lançado ainda antes da transformação de I Love It de um promissor e contagiante single (originalmente editado em maio do ano passado) no fenómeno de popularidade mundial que desta canção fez um dos hinos mais dançados deste verão. E agora chega um segundo álbum, que retoma dois temas do anterior (um deles este mesmo single), mas revela como um concentrado de boas ideias que pode funcionar numa ou outra canção pode gerar acontecimento inconsequente quando diluído num rol de composições claramente menores. Há aqui marcas claras de uma atitude pop festiva e luminosa que há muito faz escola na Suécia e que por vezes se cruza com espaços da cultura indie (como sucedeu, por exemplo, com os The Sounds na década passada). Mas a colheita que aqui se mostra secundariza as angulosidades da costela mais punk que habitava o incio de carreira das Icona Pop que abria essas mais entusiasmantes pontes entre a pop, a música de dança e as vivências (e gosto) indie. Essa lógica, da qual nasceram Manners e I Love It, emerge em Then We Kiss e em Ready For The Weekend (este um tema que já vinha do álbum anterior), e que representam raros instantes em que as expectativas (perante a força do single que chamou atenções para este duo) levantavam. Em On A Roll tentam repetir as linhas que as levaram a I Love It. Mas de resto, e o desinteresse manifestado por singles recentes como All Night, We Got The World ou Girlfriend mostraram-no, o que aqui mora é uma fórmula, que desfila um eletro mais banal e uma clara luminosidade pop, com insistência rítmica a pensar na música de dança... No fim, ficamos muito aquém do que I Love It fazia esperar...