quarta-feira, setembro 04, 2013

Novas edições:
Washed Out, Paracosm


Washed Out
“Paracosm”
Domino / Edel
4 / 5

Ernest Greene só pode gostar do verão. Editado em julho de 2011, o álbum de estreia do seu projeto Washed Out celebrava a luminosidade e o calor da estação com aquela indolência característica de um bom final de tarde de copo na mão. Confirmação das boas sugestões de singles e EPs editados desde 2009, esse álbum de estreia (de título Within and Without) tornava-se assim numa expressão de “referencia” de um momento a que foi aplicado o rótulo chill wave. E apesar do bom momento que então nos proporcionava, o disco parecia contudo daqueles que nascem fadados a ser coisa de um só episódio digno de cativar atenções... E que bom que é quando nos enganamos... Depois de terminando o ciclo em torno desse álbum de estreia Ernest Greene refugiou-se no campo, levou na bagagem uma mão-cheia de velhos teclados analógicos, e bem longe da chuva de atenções que antecedera a chegada do álbum de 2011 eis que se apresenta em finais deste verão de 2013 com um disco novo que não só supera os feitos do disco de estreia como merece inscrever-se, até aqui, como o melhor disco pop da colheita estival deste ano (lugar que por aqui já esteve apontado aos Camera Obscura e AlunaGeorge mas, já que até ao lavar dos cestos é vindima, lá para dia 21 deste mês fazemos contas finais à estação). Paracosm mantém viva a personalidade de uma pop tranquila, dominada por uma voz pacata em moldura feita de cascatas de teclados. All Feels Right, que serviu de aperitivo ao disco no formato de single, é um discreto hino pop solarengo sob uma discreta matriz rítmica que pisca o olho a tradições jamaicanas. Daí o disco parte para nos levar através de uma viagem sempre feita de tons luminosos, sem nunca levantar o tom da intensidade dos ritmos nem nos impor refrões daqueles que se colam ás orelhas e de lá ninguém os tira. Sem a necessidade de pedir a caução aos frutos do chill wave (nome do qual justificadamente já ninguém se deve lembrar), Paracosm é uma experiência pop calma, sedutora e nunca impositiva. Que uma vez mais sugere aquela placidez confortável que vivemos quando os finais de tarde ainda são momentos de calor.