MGMT
“MGMT”
Columbia / Sony Music
4 / 5
O álbum de estreia dos MGMT, do qual nasceram clássicos indie do nosso tempo como Time To Pretend, Kids ou Electric Feel parece, cada vez mais, aventura de um só episódio numa carreira que, naturalmente não estava então enganada, mas que na verdade parece ter outras demandas na sua carteira de desafios e desejos. E assim, três anos depois de Congratulations (que por sua vez surgiu outros três após Oracular Spectacular), o terceiro álbum do duo, ao qual resolveram chamar apenas MGMT, mantém firme o caminho de exploração de heranças do psicadelismo que o disco de 2010 já tomara como rumo (para a infelicidade dos muitos que esperavam novas canções pop para ouvir na rádio e dançar nas pistas de dança). Novamente com a companhia de David Friedmann, o produtor habitual em muitos discos dos Mercury Rev ou Flaming Lips (e que tinha trabalhado no álbum de estreia dos MGMT), o novo disco é na verdade um acontecimento de duas faces, aliando um reconhecido gosto melodista pela canção a patamares de busca de uma transcendência pelo som, sugerindo pontos de fuga e rotas de liberdade claramente nascidas de assimilações do grande livro de referência do psicadelismo. E é entre este diálogo entre a expressão de formas pop (bem visíveis em canções maiores como Alien Days ou numa belíssima versão de Introspection) e devaneios para além das fronteiras mais definidas da canção “clássica” que se desenha um álbum que cimenta uma linguagem que teve em Congratulations uma expressão bem mais interessante que a expressa pela rejeição de muitos que assim reagiram ao reconhecer ali a ausência da luminosidade pop dos hinos do primeiro álbum. MGMT não repete exatamente os trilhos do álbum de 2010, revelando a procura mais coesa de uma experiência sónica, mesmo que por vezes sob sinais de uma escrita com mais alma de jam que de reflexão uma bem definida que certamente será terreno a adubar em palco para mais estimulantes resultados ao vivo... O grupo reafirma assim que o seu percurso se faz assim de um entendimento entre a vontade de explorar a canção e o desejo em dela fugir de vez em quando. E é nome que vale a pena continuar a acompanhar.