quarta-feira, setembro 11, 2013

Novas edições:
Julianna Barwick, Nepenthe

Julianna Barwick
“Nepenthe”
Dead Oceans / Popstock
4 / 5

Com uma discografia que remonta a 2006, a norte-americana Julianna Barwick chegou à linha da frente das atenções com The Magic Place, álbum de 2011 que fazia de um meticuloso trabalho de composição de camadas de registos vocais a base de construção para uma música de dimensão algo celestial. Nascida no Louisiana e criada no Missouri, Julianna Barcwick convocava então à sua música um sentido de placidez pastoral que transcendia os caminhos habituais das formas e dos modelos da canção, criando um dos momentos mais belos que a música nos deu a descobrir no início da presente década. De então para cá colaborou em gravações com Ikue Mori e com Helado Negro, criando esses momentos um espaço de trabalho que, pelos vistos, não interferiu com a procura de uma continuação para o que as premissas de The Magic Place então tinham lançado. Gravado na Islândia (reforçando assim a geografia uma necessidade no talhar de uma experiência não urbana), o novo Nepenthe procura, sem desfocar o trilho que Julianna Barcwick vinha a desenhar, alargar horizontes a outras experiências. A presença, na produção, de Alex Sommers (colaborador habitual dos Sigur Rós e parceiro de Jonsi no dia a dia e nos seus projetos artísticos em paralelo) evidencia uma aproximação a um registo onírico, de teor paisagista, mas capaz de aceitar a presença de aproximações ao formato da canção. Esse mais evidente desenho de formas, que mesmo assim partilha espaço com momentos de fuga para verdadeiras nuvens feitas de vozes entrecruzadas, acaba por definir as marcas de identidade mais evidentes de um disco que tem tudo para reconquistar os admiradores da cantora e alargar o seu espectro de ouvintes a novos horizontes. De resto, os admiradores de Sigur Rós serão certamente dos primeiros a aderir ao que aqui se propõe. Talvez não seja este um disco tão “revolucionário” ou surpreendente como o de há dois anos, mas é um belo exemplo de uma opção de continuidade que soube onde procurar os caminhos para não se repetir.