terça-feira, setembro 10, 2013

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Goldfrapp, Tales of Us


Goldfrapp
“Tales of Us”
Mute Records
3/5

É um pouco como entrar numa loja de malhas no pico do verão... E Tales of Us, um disco claramente outonal, não é pêra doce quando, mesmo com os serões mais frescos, o calor ainda habita os dias. Não é contudo uma surpresa absoluta o clima que domina o sexto álbum de Goldfrapp. Se por um lado tenta recuperar o clima de placidez cenicamente elaborada do álbum de estreia (ainda hoje o seu melhor momento), por outro recupera linhas de um relacionamento com formas acústicas que dominaram o claramente menos vitaminado Seventh Tree, de 2008 (que por sua vez representou o momento menos inspirado da sua discografia). Tales of Us não é disco que permita opiniões definitivas após audições à queima-roupa. Convenhamos que foram bem escolhidos os temas-aperitivo para nos dar a conhecer o que o disco agora revela. Drew, uma balada acústica que acolhe a presença de uma orquestra (a dada altura com uma grandiosidade lírica quase digna de uma Bond song) é simplesmente a melhor canção do disco e a melhor que Alison Goldfrapp e Will Gregory nos dão desde os dias de Supernature. Depois chegou Annabel, cenicamente não muito distante, revelando uma construção interessante com base num pequeno riff de guitarra acústica que, repetido, define um palco onde a canção ganha forma. O resto do alinhamento não repete contudo o patamar elevado que estes dois aperitivos sugeriam senão em Thea, o único instante onde os ritmos entram em cena e as electrónicas ganham um pouco de visibilidade, as restantes canções caminhando entre um espaço mais próximo do que os dois singles definiram, todavia sem o mesmo poder de “argumentação” na composição. Tales of Us não procura repetir o tom pastoral sob a presença de electrónicas de Felt Mountain, mas tal como esse disco assenta na vontade de criar um ambiente, ajustando o lote de canções a essa ideia cénica. Pena que a escrita nem sempre esteja ao nível da encenação.