quinta-feira, setembro 12, 2013

Discos pe(r)didos:
Marisa Monte,
Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão

Marisa Monte
“Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão”
EMI Brasil
(1994)

Aos 46 anos de idade Marisa Monte é hoje uma das figuras maiores da música do Brasil, a sua obra traduzindo um modo muito pessoal de viver num de constante diálogo entre as expressões populares da música do seu país e as formas mais globais da cultura pop. Começou a andar pela estrada em 1987, editou um primeiro álbum em 1989 e, depois de um segundo de maior visibilidade em 1991 (‘Mais’), é no episódio seguinte que dá o “salto” num disco que alarga os horizontes da atenção sobre a sua música para lá dos espaços da lusofonia e que lança novos caminhos que mais tarde exploraria em discos igualmente marcantes como Memórias, Crónicas e Declarações de Amor (2000), o díptico Infinito Particular e O Universo ao Meu Redor (2006) e a bem sucedida aventura no projeto Tribalistas. Editado em 1994, Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão é talvez o momento em que a música de Marisa Monte encontra o ponto mais equidistante entre as raízes das várias expressões da música brasileira que a influenciam e os ecos da cultura pop que assimila numa sucessão inesquecível de grandes canções (entre as quais uma versão de um tema de Lou Reed – Pale Blue Eyes, do álbum de 1969 dos Velvet Undreground). Nomes como os de Philip Glass, Arto Lindsay e Laurie Anderson partilham aqui protagonismo com figuras de proa da música popular brasileira como Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes ou Gilberto Gil entre a lista de colaboradores de um disco que marcou a música que se fez no Brasil dos noventas.

PS. Esta é uma versão alterada de um texto originalmente publicado na coluna ‘Música para ouvir na praia’ apresentada durante o mês de agosto de 2013 no DN.