quinta-feira, julho 25, 2013

Bernadette Lafont (1938 - 2013)

Símbolo da renovação geracional da Nova Vaga francesa, célebre pelos seus papéis de rebelde, Bernadette Lafont faleceu, no dia 25 de Junho, num hospital de Nîmes — contava 74 anos.
Sem formação específica, dotada de um notável instinto interpretativo, Lafont encaixou exemplarmente no espírito de liberdade criativa e improvisação dos autores da Nova Vaga. Estreou-se na curta-metragem Os Putos/Les Mistons (1957), de François Truffaut, distinguindo-se depois em Um Vinho Difícil/Le Beau Serge (1958), primeira longa-metragem de Claude Chabrol. A sua carreira tem os inevitáveis altos e baixos de uma filmografia de mais de centena e meia de títulos, incluindo muitas produções televisivas. Em todo o caso, o seu nome destaca-se em produções como A Noiva do Pirata (1969), de Nelly Kaplan, Out 1 - Noli Me Tangere (1971), de Jacques Rivette, ou Uma Bela Rapariga (1972), esta a experiência de Truffaut mais próxima da tradição do burlesco em que, além do mais, Lafont também canta [trailer]. Integrou o elenco de A Mãe e a Puta/La Mamain et la Putain (1973), obra de um intimismo radical, assinada por Jean Eustache, porventura um dos mais dramáticos balanços das ilusões e desilusões da década de 60. Foi distinguida com dois Césares: o primeiro, em 1986, para melhor actriz secundária em L'Effrontée, de Claude Miller; o segundo, em 2003, pela sua carreira. O seu último filme a chegar ao mercado português foi O Verão do Skylab (2011), de Julie Delpy.


>>> Obituário no jornal de Le Monde.
>>> O jornal Libération homenageia-a na sua edição de 26 de Junho, assinalando a "morte de uma pirata".