* Domingo, 02 Jun 2013, 19:00 - Fundação Gulbenkian, Grande Auditório
> Giuseppe Verdi: Otello (ópera em 4 actos, versão de concerto)
No final, a orquestra ofereceu rosas a Lawrence Foster — era o derradeiro concerto da décima primeira e última temporada do maestro à frente da Orquestra Gulbenkian. Encerrava-se assim um ciclo em que, ao longo do seu mandato, Foster liderou a orquestra em muitos palcos internacionais e também em diversas gravações para a editora Pentatone Classics. Além do mais, nos concertos regulares no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, dirigiu, pelo menos, uma ópera por temporada.
Ópera, justamente, foi também o assunto desta utilização final do Grande Auditório no âmbito da temporada de 2012/13 (a partir de agora encerrado, até Fevereiro, para diversos melhoramentos técnicos). Com um Otello, de Giuseppe Verdi, servido por um elenco de exemplar consistência, com inevitável destaque para o georgiano Badri Maisuradze (tenor, Otello) e a russa Dina Kuznetsova (soprano, Desdemona).
Obra modelar, momento charneira na história da ópera, o Otello, de Verdi, composto em 1884-86, envolve espectaculares transformações dramáticas. Como escreve Bernardo Mariano no programa: "Onde o drama devia, anteriormente, submeter-se aos contrangimentos formais, era agora a música que seguia, realçava ou comentava (afirmando, negando, aludindo) o desenrolar da acção dramática."
E não deixa de ser curioso referir como os intérpretes, mesmo em versão de concerto, preservam uma espécie de minimalismo teatral que envolve um jogo sugestivo de entradas e saídas, olhares cruzados e olhares solitários. Para mais, o sempre espantoso quarto e derradeiro acto de Otello leva-nos a celebrar uma arte do tempo & duração que, hoje em dia, as acelerações da "comunicação" tendem a menosprezar. Como alguém já disse (ou quase): For Ever Verdi.