Major Lazer
“Free The Universe”
Secretly Canadian
4 / 5
A história das chamadas 'cartoon bands' é coisa já com anos de vida, abarcando tanto nomes como os Archies (os tais que cantavam Sugar Sugar em 1969) ou os mais recentes Gorillaz. O projeto Major Lazer talvez não seja exatamente a expressão de mais uma 'cartoon band'. Mas é através da figura desenhada desse 'major', sempre de músculos à vista e arma nas mãos, que o projeto que agora está apenas nas mãos de Diplo se continua a apresentar. Em 2009, quando o DJ e produtor partilhava a condução das ideias do projeto com Switch, o álbum de estreia Guns Don't Kill People... Lazers Do procurava novos caminhos para genéticas jamaicanas (do dub ao dancehall) tendo as formas e as marcas de identidade do presente igualmente em conta. Apesar da partida de Switch (aconteceu em 2011 por divergências estéticas), o projeto não parece ter procurado outros caminhos, mantendo o novo álbum uma demanda semelhante, embora com outros (e bem estimulantes) resultados. Diplo é aqui a garantia do respeito por uma identidade e força viva que faz ainda respirar a figura do Major Lazer. Mas a alma deste Free The Universe deve muito à forma como o produtor soube somar as contribuições e os sucessivos diálogos que concretiza com uma impressionante paleta de convidados. O alinhamento abre com Santigold. Brilha de forma única com Amber Coffman (dos Dirty Projectors) no sedutor e fresco Get Free (lançado em single ainda em 2012) e encanta com o travo clássico de Jessica com Ezra Koenig (dos Vampire Weekend) que mostra que a sua parceria com os The Very Best foi apenas uma das suas muitas formas de expressar uma forma muito peculiar de alargar a outras geografias uma voz pop com passaporte americano. Mais adiante escutamos ainda as presenças de Wyclef Jean, GTA, Peches, Shaggy ou Bruno Mars. Caminhamos entre derivações diretas de ecos da cultura dub e dancehall e encontros com linguagens que passam pelo hip hop, periferias do R&B e pelos caminhos pelos quais passam as novas ferramentas eletrónicas. Mais que apenas um cardápio de "estrelas" ou um mostruário de sabores e exotismos, Free The Universe é uma cativante celebração no presente de ecos de uma herança antiga que aqui mostra como há mais caminhos que os da nostalgia a ter em conta quando de abordam estas coisas com código genético com região demarcada.