terça-feira, maio 07, 2013

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Phoenix, Bankrupt!

Phoenix 
“Bankrupt!” 
Warner Music 
3 / 5 

Permitam-me que comece por confessar que os Phoenix foram banda que sempre passou ao lado das minhas atenções. Sempre tiveram em mãos argumentos suficientes para cativar interesse: o facto de serem franceses (ainda por cima de Versalhes), de jogarem claramente em terreno pop e mostrarem desde cedo um gosto pelo trabalho com sintetizadores que evocam sonoridades e formas dos oitentas (não esgoto o meu gosto – nem de longe – na pop dos oitentas, mas cresci a ouvir esses discos, e as afinidades ficam lá sempre). Mas a música dos Phoenix nunca se encaixou em mim nem num espaço de “guilty pleasure” (leva-se demasiado a sério para isso, nem é o seu objetivo, ao que parece) nem de simples “pleasure”... Aclamados em terreno de mais próximas afinidades indie durante anos a fio, conseguiram ao quarto álbum dar o salto para um patamar de maior visibilidade. Contudo, a sua vontade de manter filme o jogo entre os flirts com um estatuto mainstream e a já antiga relação com públicos mais próximos da cultura “alternativa” parece ter resistido ao que poderia ter sido a opção por seguir um destes caminhos em detrimento do outro. A recente passagem (destacada) por Coachella sublinha a atitude. E convenhamos que, sem trazer qualquer revolução ao panorama da pop atual – apesar de terem usado termos próprios do calendário da revolução francesa quando trabalhavam no disco – eis que Bankrupt! entra em cena como o mais sólido de todos os seus discos até ao momento. Luminoso, “orelhudo”, mas com ocasional tempero mais ousado, o quinto álbum dos Phoenix dá-lhes um momento pop ma non troppo que finalmente parece fazer sentido. Há evidentes ligações ao seu passado discográfico (nomeadamente aos caminhos de Wolfgang Amadeus Phoenix de 2009), mas o pequeno ensaio para teclados e ecos dos 80s no tema-título, uma postura vocal que por vezes se aproxima à de um Kevin Barnes (dos Of Montreal) e uma atitude pop que parece ser herdeira próxima das mesmas referencias que Julian Casablancas trabalhou no seu (bem mais consequente, contudo) Phrazes For The Young, juntam-se a uma pop clacissista nas formas e pouco dada a dietas de acontecimentos na hora dos arranjos. Quem se render às canções pode agora recuperar memórias da pop sintetizada e grandiosa dos esquecidos Re-Flex, de uns Wang Chung ou Naked Eyes... O reverso da medalha é a forte possibilidade de, tal como estas bandas algo “esquecidas” dos oitentas, a música dos Phoenix não trazer grandes argumentos a favor da luta contra o tempo... O que não impedirá Bankrupt! de viver um folgado verão sobretudo frente às plateias dos festivais.