domingo, abril 07, 2013

Roger Ebert (1942 - 2013)

Foi durante décadas o crítico de cinema mais lido (na imprensa) e mais escutado (na televisão) dos EUA, sendo também o primeiro a receber um Prémio Pulitzer: Roger Ebert, que sofria há vários anos de cancro na tiróide, faleceu no dia 4 de Abril, em Chicago — contava 70 anos.
A imagem de marca de Ebert está, na origem, ligada à sua colaboração televisiva com Gene Siskel (1946-1999): no programa Sneak Previews, da PBS, durante o período 1975-1982, eles popularizaram um diálogo regular sobre as estreias cinematográficas, desembocando sempre numa classificação dos filmes pelos polegares ao alto — dois polegares ao alto (two thumbs up) correspondiam aos filmes, para eles, mais importantes ou mais susceptíveis de agradar a uma maioria de espectadores.
De qualquer modo, a actividade jornalística de Ebert começara alguns anos antes, em 1967, no Chicago Sun-Times (onde se manteve até final). A distinção, em 1975, com o Pulitzer da área de Crítica, constituiu um momento marcante, não apenas em termos individuais, mas também pelo reconhecimento cultural e simbólico do trabalho específico da crítica de cinema. Com o triunfo das novas tecnologias, a sua actividade alargou-se à Net, mantendo, em ligação com o jornal, um site dedicado às suas intervenções críticas e à actualidade cinematográfica — aí mesmo, no dia 2 de Abril, anunciara que se iria afastar das tarefas regulares, embora sem desistir da intervenção escrita.
Publicou quase duas dezenas de livros, muitos deles coligindo os seus textos. Os mais célebres serão, talvez, os três volumes de The Great Movies (2003, 2006 e 2011), editados por The University of Chicago Press. É também autor de The Future of the Movies, co-assinado com Siskel, I Hated, Hated, Hated This Movie (2000) e Roger Ebert's Four-Star Reviews 1967-2007 (2008). Em Two Weeks in the Midday Sun (1987), registou as suas memórias do Festival de Cannes onde, até há poucos anos, foi uma presença regular. Escreveu ainda a autobiografia Life Itself: A Memoir (2011). Em Março de 2010, surgiu na revista Esquire, aceitando mostrar nas fotografias o efeito que as várias intervenções a que foi sujeito tinham provocado no seu rosto, impedindo-o de falar — como escrevia Chris Jones, "Ebert retira alegria do mundo de quase todas as maneiras com que o fazia. Teve de encontrar uma nova maneira de rir — fechando os olhos e batendo com as mãos nos joelhos —, mas continua a rir".
As suas listas de "melhores filmes do ano", publicadas no Chicago Sun-Times desde 1967 (ano em que Bonnie e Clyde, de Arthur Penn, surgia no nº 1), eram das mais populares na imprensa americana. São sintoma de um critério muito alargado, distinguindo tanto produções dos grandes estúdios como pequenos projectos gerados na área dos independentes — e também, com alguma frequência, obras de produção não americana. Nos últimos três anos, Ebert distinguiu como "melhor filme do ano" os seguintes títulos:
* 2010 - A Rede Social, de David Fincher.
* 2011 - Uma Separação, de Asghar Farahdi.
* 2012 - Argo, de Ben Affleck.

>>> Video de uma entrevista no show de Conan O'Brien, em 1996, a pretexto do lançamento da antologia de textos sobre cinema Roger Ebert's Book of Film: From Tolstoy to Tarantino, the finest writing from a century of film (editada por Ebert).


>>> Obituário no New York Times.