terça-feira, abril 16, 2013

Novas edições:
Low, The Invisible Way

Low 
“The Invisible Way” 
Sub Pop 
4 / 5 

Consta que não gostam de ver a expressão ‘slowcore’ ser usada para caracterizar a sua música e o seu lugar no espetro indie do nosso tempo (na verdade raramente um músico gosta de ver um jornalista a usar uma palavra para “rotular” o seu trabalho), mas os Low são uma instituição do género, com uma obra de vinte anos (lançaram o primeiro álbum em 1994) e uma discografia de impressionante solidez. Com um núcleo há muito fixado no casal Alan Sparhawk / Mimi Parker, desde 2008 contando a bordo com o baixista Steve Garrington, os Low têm sabido não fazer das marcas que caracterizam a sua linguagem uma tábua rasa, a cada disco procurando encontrar elementos ou ideias que façam de cada álbum uma entidade própria, todavia ciente de quem faz parte de um corpo de trabalho maior. Foi assim, por exemplo, em Durums and Guns, onde uma agenda temática (a guerra) motivou sinais de uma nova demanda formal ou no ainda mais recente C’mon (2011), criado sob uma lógica de assimilação de visões mais elaboradas de escrita e, sobretudo, arranjos. Em The Invisible Way há dois argumentos novos em cena. Um deles é a produção, entregue (e muito bem, acrescente-se) a Jeff Tweedy, dos Wilco. O outro, que acaba por desenhar a característica mais distintiva do álbum face aos demais títulos na discografia do grupo, é o evidente protagonismo vocal de Mimi Parker, que assume o papel de vocalista principal (deixando Alan a ocasionais episódios de maior visibilidade). O timbre de Mimi e a melancolia que o seu canto sublinha, assim como os belíssimos jogos de harmonias que frequentemente partilha com Alan, juntamente com mais um lote sólido de canções, fazem de The Invisible Way um disco que em tudo reafirma o lugar que há muito os Low conquistaram no panorama indie. É slowcore sim (a própria breve erupção elétrica no final de On My Own na verdade não destoando do clima que o alinhamento propõe). E do melhor. Quer gostem ou não da palavra.