Johnny Marr
“The Messenger”
Warner Bros.
2 / 5
Se Morrissey se estreou em nome próprio em 1988 com o belíssimo Viva Hate, Johnny Marr (a outra metade da dupla criativa central à obra dos The Smiths) levou por seu lado quase 26 a anos a lançar um álbum com nada mais que o seu nome por assinatura após a edição daquele que, em 1987, foi o último álbum de originais dos The Smiths (o disco ao vivo Rank, de 1988, surgiu já com a banda separada). Todos sabemos que não foi o silêncio quem habitou estes quase 26 anos, a obra de Johnny Marr tendo passado por bandas como os Electronic, The The, The Pretenders, Modest Mouse ou The Cribs ou por colaborações mais pontuais por discos dos Stex (e vale a pena redescobrir essa sua breve aventura pelas heranças do disco ao som de Still Feel The Rain), Pet Shop Boys ou Black Grape, entre muitos mais... Em 2003 apresentou-se frente aos Healers em Boomslang, num disco “quase” a solo (mas que na verdade era de uma banda), mas só agora conta em The Messenger com essa muito aguardada estreia que podemos, contudo, arrumar desde já na gaveta das grandes desilusões de 2013... Do primeiro contacto com o alinhamento constata-se a solidez do trabalho de guitarras e a evidência de uma voz que, mesmo longe de brilhante ou peculiarmente distinta, sabe dar conta do recado... O que corre então mal em The Messenger? Em primeiro lugar no plano da composição Marr desencanta, revelando um alinhamento que não rompe nunca um patamar de banal mediania (inclusivamente na escrita) e nunca alcança em momento nenhum o vislumbre das visões que em tempo levou aos The Smiths ou até do primeiro álbum dos Electronic. The Messenger cruza depois, a velocidade de cruzeiro, formas e soluções que habitaram alguns dos climas indie pop para guitarras dos últimos 20 anos (até mesmo com um constrangedor sucedâneo das relações com o ritmo, à la madchester, em Generate! Generate!), parecendo contudo de maior propriedade os momentos em que se aproxima de ecos dos Elelectronic ou do sentido pop herdado dos sessentas que levou aos Smiths (mas aqui assimilando ainda ecos dos oitentas) e que faz de The Crack Up talvez o melhor momento de um disco menor. Um inesperado passo em falso de alguém cuja obra tem momentos admiráveis mas que, desta vez, não brilha.