Há objectos artísticos em que o/a protagonista se expõe de forma generosa e radical, a ponto de o seu "excesso" se transfigurar em acontecimento espectacular, tendencialmente abstracto. Podemos reencontrar essa fascinante contradição através da reedição de Broken English, o admirável álbum de 1979 que ficou como definitivo bilhete de identidade de Marianne Faithfull.
Na altura, Faithfull estava à beira de completar 33 anos. Fazendo o balanço de uma existência marcada por um fulgurante processo de ascensão e queda, em finais da década de 60, Broken English contém, em filigrana, as memórias da relação de quatro anos com Mick Jagger (foram os Rolling Stones que lhe deram o seu primeiro single, As Tears Go By, lançado em 1965), da dependência da heroína, da decadência de uma vida vivida nas ruas, enfim, do brilhante regresso — e, por assim dizer, resgate — que este álbum representou. A deluxe edition, além de recuperar as misturas originais, contém o lendário (nunca editado) filme de 12 minutos de Derek Jarman, também chamado Broken English.
Aqui ficam dois registos, mais recentes, de dois dos temas emblemáticos do álbum: The Ballad of Lucy Jordan (Shel Silverstein) e Working Class Hero (John Lennon), respectivamente em 1990 e 2000.
>>> Site oficial de Marianne Faithfull.
>>> Sobre Broken English: BBC + The Guardian + Pitchfork.