Este texto é um excerto da crítica ao concertos dos The Gift a 23 de novembro no Coliseu do Porto que hoje publico no DN Online. Podem ler aqui o texto completo.
Foi com os músicos no corredor central da plateia, com um Coliseu do Porto em silêncio, escutando uma última canção de um alinhamento que então via o ponteiro a indicar três horas de atuação que a festa terminou. Sala cheia, esgotada há já vários dias, acolhia o segundo de um par de concertos diferentes dos que fizeram a última digressão do grupo. Afinal, juntamente com a noite de casa cheia há precisamente uma semana, no Coliseu dos Recreios (em Lisboa), as duas noites assinalavam, com um programa diferente e uma noção de arrumação dos acontecimentos em três atos (como se fosse um musical), os 18 anos de vida dos The Gift. Quem os viu, em finais de 1998, num lisboeta São Luiz, então também cheio, a apresentar as canções de Vinyl (o seu segundo disco, que antes tinham editado o hoje algo esquecido EP Digital Atmosphere), talvez não imaginasse que uma ideia tão afastada do que era então o terreno comum do espaço pop/rock português, algum dia chegasse a este patamar de reconhecimento mainstream (e atenção que esta expressão não é palavrão que implique juízo de valores, quer apenas traduzir uma noção de relacionamento com o "grande público"). Mas chegou. E se há uma primeira palavra para explicar o que sucedeu, essa palavra será: "trabalho".