terça-feira, novembro 20, 2012

Novas edições:
Get Well Soon,
The Scarlet Beast O'Seven Heads

Get Well Soon
“The Scarlet Beast 0’Seven Heads’ 
City Slang 
3 / 5

Mesmo longe dos olhares que conduzem os hypes e grandes tendências que definem os gostos e as modas pelos espaços indie e suas periferias, a verdade é que o músico alemão Konstantin Gropper tem vindo a construir, ao longo dos últimos quatro anos, uma ideia musical com personalidade estética bem clara e demarcada através do projeto a que chamou Get Well Soon. Amigo de alguma pompa e com gosto evidente pela moldagem das formas com que os arranjos podem transformar uma simples canção num acontecimento de grande fôlego, Konstantin estreou-se em 2008 com o álbum a que deu o título infindável de Rest Now, Weary Head! You Will Get Well Soon (sim, os títulos são do mais pretencioso!) e no qual estabelecia os princípios de uma ideia pop de alma sinfonista, a que deu continuidade dois anos depois em Vexations, pelo caminho tendo entretanto editado alguns EPs e assinado trabalho para o cinema. Konstantin Gropper dá-nos a entender ser um músico a quem parecem mais caras as influências escutadas entre as bandas sonoras de filmes e a tradição do grande musical que propriamente os caminhos indie da música pop/rock do nosso tempo. É verdade que não tem a arte da escrita de um Neil Hannon, a elegância frágil de um Antony Hegarty, a personalidade de um Rufus Wainwright nem a visão vanguardista de um Sufjan Stevens ou um Owen Pallett. Mas pelos seus discos tem caminhado a afirmação progressiva de uma visão pessoal que atinge resultados mais animadores que outrora no alinhamento do novo The Scarlet Beast O'Seven Heads. Neste seu novo disco propõe-nos (numa ideia que quase poderia ser coisa conceptual) algumas visões sobre o fim do mundo (ou, pelo menos, do mundo desnorteado em que vivemos. Em The Kids Today fala em concreto de motins em Londres, Roma e Atenas. Em Gallows comenta o clima anti-capitalista que fervilha no mundo atual. E em The Last Days of Rome reflete sobre o cinismo do nosso tempo. Ao mesmo tempo, rompendo esta lógica de conceito, celebra heróis pessoais como Roland Emmerich, Walt Disney ou Wendy Carlos (a esta última prestando uma homenagem em Dear Wendy, onde electrónicas vintage lembram a forma como em finais de 60 essa genial pioneira visitou de forma diferente a música de Bach ou Handel). Scarlet Beast Of Seven Heads não vai mudar as nosss vidas nem marcar o ano editorial, é verdade. Mas é pelo menos mais capaz de definir uma identidade que o sem fim de discos de bandas indie iguais umas às outras que tem feito desse espaço (outrora vibrante) um relativo deserto de acontecimentos nos últimos meses.