Brian Eno
“Lux”
Warp Records
4 / 5
Apesar da notoriedade de alguns recentes trabalhos vocais – nomeadamente o belíssimo Another Day On Earth (disco a solo de 2005) e das colaborações que registou em Everything That Happens Will Happen Today (com David Byrne, em 2008) ou Drums Between The Bells (com Rick Holland, em 2011) – Brian Eno na verdade nunca deixou de lado a sua antiga vontade em explorar os espaços a que, em meados dos anos 70, ensaiou pela primeira vez uma noção de “música ambiente”. Mesmo tendo editado vários discos e assinado inúmeras instalações ao longo dos últimos 25 anos, há muito que não o víamos entregue a uma lógica de composição e relacionamento com o espaço como a que, em finais de 70, lhe deu em Music For Airports (mais ainda que no “ensaio” definidor Discreet Music, de 1975) a visão de uma demanda que o tempo (e o trabalho) identificou como a marca mais influente da sua personalidade criativa. Lux, o primeiro disco integralmente criado a solo que edita desde 2005, é assim um reencontro com a matriz essencial da sua visão ambiental. Aproxima-se assim, na essência, dos princípios que experimentou em meados e finais dos anos 70 (Music For Airports tem aqui um peso genético primordial), mas na verdade segue mais de perto as aferições de ideias e moldagem de formas que nos anos 80 nos deu, não necessariamente no superlativo Apollo: Atmospheres and Soundtracks (1983), mas no ainda mais frágil e minimalista Thursday Afternoon (1985). Na origem desta música – que se escuta em quatro longos segmentos, o todo aproximando-se dos 76 minutos – está um trabalho de relacionamento com o espaço. A música foi inicialmente criada para uma intervenção numa galeria em Turim e, tal como sucedera com Music For Airports, teve audição anterior ao lançamento em disco no espaço de um aeroporto (o de Haneda, em Tóquio). Lux é feito de linhas suaves, de drones e ecos e reverberações (sobretudo das notas do piano) que se moldam entre si e sugerem uma teia de sons, ocasionalmente de outras fontes sonoras emergindo breves fraseados que logo se diluem entre o todo que não deixa de seguir o fluir do seu caminho. É música lenta para um mundo rápido. Um contraste em espaço de fuga. Não parece preocupado em inventar nada de novo. E, convenhamos, não era isso o que, por esta altura, estávamos à espera de encontrar por aqui.