sexta-feira, novembro 02, 2012

Glamour, diz ele

Que nos resta dos tempos em que o glamour era uma sofisticada e exigente arte da pose e, mais do que isso, uma forma particular de entendimento da beleza e do seu poder universal? Que nos resta desse poder a que nos submetíamos sem mágoa, pressentindo uma transcendência discreta, tocante e partilhável?
São interrogações necessariamente nostálgicas que, em todo caso, adquirem uma dimensão actual e grave, porventura trágica, quando nos damos conta da obscena apropriação da palavra glamour: telenovelas, revistas "cor de rosa" e vergonhosos programas de reality TV atrevem-se a convocar a palavra glamour para vender a sua miséria jornalística, moral e, hélas!, iconográfica.
De vez em quando, em todo o caso, há quem nos venha dizer que não devemos desesperar do glamour. Que as suas leis são mais fortes que a degradação instalada por aqueles que querem impor o seu sistema de imagens doentias. (Porquê doentias? Porque alheias à pluralidade do factor humano, incluindo esse desafio aos desígnios da divindade que, justamente, responde pelo nome de glamour.)
Patrick Demarchelier, por exemplo. Numa produção para a edição de fim de estação do Dior Mag, ele fotografou Lily Donaldson como musa perdida de outra galáxia — o glamour não é a luxúria, mas sim o luxo da imaginação. Voilà.

>>> Site oficial de Patrick Demarchelier.