sexta-feira, outubro 19, 2012

Novas edições:
Yazoo, The Collection


Yazoo
“The Collection”
Music Club Deluxe
4 / 5

Foi uma aventura breve. Muito breve mesmo, feita apenas de dois álbuns e uma mão-cheia de singles editados entre 1982 e 83. Mas, 30 anos depois, recorda-nos uma das mais vibrantes histórias dessa primeira geração que fez das electrónicas a ferramenta central para reinventar a pop em solo britânico. Os Yazoo eram Vince Clarke (elemento da formação original dos Depeche Mode que entretanto deixara o grupo após a gravação do seu álbum de estreia Speak & Spell, gravado em 1981) e Alison Moyet, então uma voz estreante. Ele trazia a convivência com uma nova geração de teclados electrónicos que então descobriam as formas da música pop. Ela, dona de uma voz possante, revelava uma afinidade com registos da música soul... Estrearam-se com Only You, uma balada electrónica que virou clássico instantâneo em março de 1982, ao qual fazem seguir Don’t Go, uma canção que explora outro relacionamento mais efusivo com a pista de dança. Mas ao editarem o álbum de estria Upstairs At Eric’s (ainda em 1982) mostravam que havia na sua música mais que uma mera vontade em desenhar linhas pop mais claras e polidas, nas entrelinhas passando uma pulsão de maior ousadia formal e com vontade de, ocasionalmente, ousar ir além dos limites mais convencionais da canção pop. Editaram ainda um segundo álbum em 1983 (You and Me Both), onde parecem mais separadas as águas (entre a pop luminosa de Clarke e a melancolia da alma menos festiva de Alison Moyet), mas quando o disco chegou aos escaparates já cada qual seguia o seu caminho. Ele gravando pontualmente um single como Assembly, outro com Paul Quinn, antes de encontrar em Andy Bell a voz com que faria dos Erasure a banda central da sua carreira. Ela estreando-se a solo numa obra que na verdade pouca expressão teve depois da passagem para os noventas... Encontraram-se há poucos anos para uma digressão de reunião, gravaram um disco ao vivo e voltaram a colocar a vida a dois em modo de pausa. Agora, 30 anos depois do ano que os viu nascer, uma antologia em formato de disco duplo evoca momentos dos seus dois álbuns e singles, junta algumas remisturas (umas da época, outras recentes) e assim celebra uma memória que se transformou numa referência da pop feita com electrónicas. O alinhamento não repete a visão integral que a caixa In Your Room nos deu em 2008 (e deixa de fora algumas das experiências menos convencionais da discografia do duo). Mas como retrato panorâmico dá conta do recado.