Grizzly Bear
“Shields” Warp Records
4 / 5
“Shields” Warp Records
4 / 5
O que faz de um disco um marco entre o todo de uma obra? A aclamação crítica? O sucesso? A capacidade de gerar uma descendências?... Os motivos e razões podem ser estes e muitos mais. Mas a verdade é que dificilmente, pelo menos assim o parece, os Grizzly Bear se livrarão de ver o álbum (magnífico, sublinhe-se) de 2009 Veckatimest apontado como o seu disco de referência. O que, faz com que, quer queiram quer não, a nova música que editem acabe a ele comparada como se definisse um patamar de citação inevitável. Para já a coisa até faz sentido. Até porque Shields é, agora, o disco que lhe sucede. Porém, e depois da busca de uma certa sofisticação que ali se expressava – os arranjos de Nico Muhly ou a presença de um quarteto de cordas sendo disto mesmo um exemplo – o que o novo disco nos mostra é uma banda que decide, sem arquivar os feitos alcançados pelo álbum de 2009, procurar em si mesma as soluções para o seu futuro e, sem prescindir de toda uma multidão de acontecimentos cénicos, procurar um contacto mais profundo com as palavras e uma forma mais arrumada de gerir os elementos convocados à composição e aos arranjos. O disco começou por nascer em sessões no Texas, das quais acabaram por manter apenas duas canções. Sheilds na verdade encontrou o seu verdadeiro Norte num reencontro com os espaços de Cape Cod (onde em tempos tinham criado o seu segundo disco), revelando os métodos de trabalho uma visão realmente democrática da presença criativa de cada um dos quatro elementos do grupo na alma final do disco. Chris Taylor volta a assumir a produção, as novas canções mostrando a opção por caminhos de maior nitidez, partindo da visão abrangente e do gosto pelo detalhe de Veckatimest para uma nova etapa onde todas essas conquistas são ponto de partida para uma reflexão mais arrumada e luminosa da escrita. Shields fala de solidão, mas encena os momentos que canta numa família de acontecimentos ainda grandiosos e envolventes. É difícil, ou talvez ainda cedo para, compará-lo com a coisa de tamanha magnitude em que se tornou (e com razão para o ser) Veckatimest. Mas para já Sheilds é mesmo um dos acontecimentos maiores de um ano onde poucas boas surpresas deste calibre têm chegado de terreno indie.