quinta-feira, outubro 04, 2012

Discos pe(r)didos:
Tle Lilac Time, The Lilac Time


The Lilac Time 
“The Lilac Time” 
Swordfish Records 
(1987)

O nome da banda surgiu de uma referência numa canção de Nick Drake. E foi de uma nascente igualmente relacionada com tradições folk que a música ganhou forma. Mas o protagonista da aventura chama-se Stephen Duffy, doseando aqui ocasionais instantes de luminosidade pop entre a candura de alma folk das suas canções. Bem antes de Simon Le Bon, Stephen Duffy fora o primeiro vocalista dos Duran Duran (com Nick Rhodes gravando, bem mais tarde, e sob a designação The Devils, as canções em que então ali tinha trabalhado). Militou no projeto Dr. Calculus. Estreou-se depois a solo. Mas na reta final dos oitentas teve outra visão e, ao formar os Lilac Time, encontrou um dos mais inspirados episódios da sua carreira, sobretudo num primeiro álbum originalmente editado em 1987 numa pequena independente e, um ano depois, reeditado no catálogo da Fontana Records, para o qual ainda gravariam mais dois discos. Apesar de disponível numa edição com som remasterizado e com alguns extras, o álbum de estreia, simplesmente intitulado The Lilac Time, é peça hoje relativamente esquecida. É certo que não gerou os “êxitos” mais evidentes (coisa de Top 30, mas nada por aí além, é certo) que nasceriam dos alinhamentos de Paradise Circus (1989) e & Love For All (1990). Mas é um disco mais intuitivo, menos dado aos cuidados de produção mais polida que caracterizaria esses dois outros álbuns, a simplicidade das linhas e dos arranjos acolhendo a voz suave e macia de Stephen Duffy em canções que sugerem cenografia rural, cruzando calendários entre ecos de outros tempos e o presente em que tudo acontecia. Porém, e apesar do brilho folk pop que anima trovas como Return To Yesterday ou You Got To Love, um clima ameno e sereno atravessa o disco, sugerindo uma paz que concilia melancolia e o esboçar de sorrisos. Peças maiores como Black Velvet, The Road To Happiness ou Love Becomes A Savage destacam o saber na escrita de um autor que, com o tempo, acabaria a descobrir na escrita para terceiros uma das suas principais atividades. Já Rockland ou And The Ship Sails On acentuam afinidades com os domínios pop/rock de costela indie, o primeiro partilhando terreno com as pontes entre a tradição acústica e a nova música elétrica que então ouvíamos nuns House of Love, o segundo ensaiando a assimilação (discreta) de electrónicas (que viriam a dar frutos no quarto álbum, Astronauts, editado em 1992 pela Creation Records).