sexta-feira, setembro 07, 2012

Reedições:
Communards, Red


Communards 
“Red” 
Rhino 
3 / 5

Tal como sucedera com o álbum de estreia, editado em 1986, coube ao sucesso global de uma versão o papel de cativar atenções de maior amplitude para o segundo álbum dos Communards, a dupla que Jimmy Sommerville criou com o pianista Richard Coles após a sua saída dos Bronski Beat. Uma vez mais longe da visão pop talhada sobre ecos da cultura undreground hi-nrg que, juntamente com uma agenda temática queer, fizera de The Age Of Consent um episódio de revelação no panorama da pop mainstream do seu tempo, Red segue em tudo as pistas sugeridas pelo primeiro álbum dos Communards. O alinhamento mantém uma evidente divisão entre canções pop dominadas ora pelo trabalho com electrónicas ora sob evidentes ecos do disco, e baladas onde à voz de Jimmy Sommerville é dado outro espaço de expressão dramática como acontece, por exemplo, ao som de For a Friend, canção que lembrava a memória de um amigo morto por complicações associadas à sida (lembremo-nos que estávamos em 1987, numa altura em que a identificações de casos crescia a olhos vistos e a quantidade de vítimas aumentava de forma preocupante). A mais evidente opção de mudança do primeiro para o segundo disco nota-se na escolha de Stephen Hague para o lugar de produtor (antes ocupado por Mike Thorne), numa altura em que este trabalhava com nomes como os Pet Shop Boys ou New Order, a nova forma de olhar uma pop capaz de assimilar ecos da cultura da dança manifestando-se em vários instantes do disco. Sobretudo na versão de Never Can Say Goodbye, canção celebrizada por Gloria Gaynor que, sob visão de finais dos oitentas para memórias dos setentas foi para Red o que Don’t Leave Me This Way representara para Communards. Victims revisita terrenos mais próximos do que Sommerville fizera nos Bronski Beat. Já If I Could Tell You, canção criada sobre um poema de Auden, ensaia uma ideia que transcende os espaços da pop que poderia ter tido descendência (mas assim não foi). Apesar dos bons momentos e de uma casa bem arrumada (como se sente ao escutar canções como Tomorrow ou There’s More To Love), Red pouco acrescentou ao álbum anterior. Vale contudo a presente reedição pela galeria de extras que inclui, entre lados B, remisturas e o EP ao vivo Storm Paris (na origem um conjunto de três máxis editados em 1988, com For a Friend sempre por protagonista).