Toy
“Toy”
Heavenly / Coop
2 / 5
A cada nova geração de bandas (e seus seguidores) que entra em cena surgem novas propostas de abordagem a memórias de outras bandas de outras gerações. E é sempre curioso ver como é que se arrumam e cruzam as referências que se convocam, por vezes numa espécie de tutti-frutti que cruza tempos e géneros, mostrando afinal como essa coisa das fronteiras e barreiras é ideia de absoluta ficção. Porque tudo dialoga, tudo se dilui, tudo se reinventa. Há quem o faça de modo magistral. E também quem junte e junte peças, talvez expressando aí um padrão de gosto (e portanto de personalidade), mas na hora de construir uma nova realidade parece que pouco mais acontece que a soma do que se convoca... Convenhamos que os londrinos Toy não estão (ainda) muito longe deste patamar. Sob um clima que pisca o olho aos desinteressantes The Horrors e a uma forma algo pueril de viver atmosféricas góticas (e convenhamos que, tirando as encenações originais, dos Bauhaus a Souxisie and The Banshees, foi espaço que sempre viveu mais de citações e recriações que de novas visões), os Toy procuram um lugar numa encruzilhada que herda memórias indie de finais dos oitentas (Ride, My Bloody Valentine e afins), um gosto textural escutado no kraut dos setentas, eventual angulosidade psych rock de finais de sessenta e, bem evidentes, maquilhagens pós-punk que evocam nomes como os The Cure ou, como se escuta em Colours Running Out, um Gary Numan. Há escuridão, coros que sugerem atmosferas sombrias. Até falam de morcegos... Há contudo competência técnica na produção e, ocasionalmente, momentos de composição que, sem rasgos de criatividade maior, pelo menos mostram um saber na gestão do formato da canção. Como se escuta em Motoring, onde parecem estar não muito distantes da relação com memórias que uns House of Love convocavam em finais dos oitentas. Se afinarem melhor as ideias, se em vez de convocarem tantas referências as digerirem melhor (para encontrar afinal qual é o seu lugar e não apenas quem os fez ali chegar), talvez sejam nome a escutar com mais atenção... Para já, vão ensaiando ideias... (que ao fim dos quase 60 minutos que dura o álbum quase reduzem o disco a um fundo sonoro que se vai fazendo pouco mais que um pano de fundo).