segunda-feira, agosto 27, 2012

José Carlos Malato ou David Fincher?



Quem é esta personagem? José Carlos Malato ou David Fincher?
Eis o desafio conceptual em que, na heróica defesa da RTP, se envolveu a classe política portuguesa (a resposta pode ser encontrada aqui)

Lamento, mas não posso esconder o meu cepticismo: não creio que a maior parte dos políticos portugueses que, de todos os recantos ideológicos, surgiram a defender heroicamente a RTP (contra a sua possível concessão/privatização) tenha um plano estruturado para a... RTP.
Estou enganado? É muito provável. Aliás, tenho todo o gosto em estar enganado. Porque, hélas!, é disso que se trata. Será que os políticos têm consciência de que, em última instância, o que deles se espera é que nos esclareçam sobre o que pensam do facto de vermos todas as noites José Carlos Malato? Ou será que, segundo os seus critérios, preferiam David Fincher? E quem é David Fincher?
Um político, precisamente, António José Seguro, já declarou o seguinte: "Eu quero ser muito claro: quando o PS for Governo, voltará a existir um serviço público que seja prestado por uma televisão pública com uma gestão rigorosa e que sirva os interesses nacionais."
A declaração de Seguro é tanto mais interessante quanto prenuncia um aceso e complexo combate político. Como é que, agora, o Estado vai estabelecer um contrato de concessão da RTP a privados que, eventualmente, de acordo com as opções dos cidadãos eleitores, se vai tentar anular daqui a dois ou três anos? E que pensa o Presidente da República de tudo isto?
Embora fique por esclarecer que conteúdos podem envolver esse mítico serviço público, talvez seja melhor assim: em vez de andarmos todos a brincar às boas intenções, será mais útil transformar a RTP num genuíno tema eleitoral. E por uma razão muito simples — os cidadãos carecem de respostas concisas para uma pergunta linear: de que falam os políticos quando falam de serviço público?