TERMINATOR 2 (1991) |
Ieda Tucherman, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), propõe uma estimulante revisão histórica e crítica do corpo, dos seus imaginários e imaginações: o livro chama-se Breve História do Corpo e de seus Monstros (ed. Vega, 2012).
Trata-se de uma viagem imensa, ainda que voluntariamente abreviada, que nos conduz através da idealização do corpo na Grécia antiga até às imagens contemporâneas dos cyborgs e, genericamente, à consolidação de uma cibercultura. Referências cinematográficas como Blade Runner (1982) ou Terminator 2/O Exterminador Implacável 2 (1991) vão pontuando a escrita de Tucherman, numa deambulação com o seu quê de romanesco, já que, em última instância, o que está sempre em jogo é o modo como dizemos "eu" face à irredutibilidade do corpo e suas configurações icónicas e narrativas (apetece recordar a ironia de Roland Barthes, quando se refere ao "meu corpo" como uma entidade "que não tem as mesmas ideias que eu").
No limite, a gratificação mais ou menos eufórica dos novos circuitos virtuais pode coexistir com modelos "progressistas" de normalização e controlo. Citação:
No limite, a gratificação mais ou menos eufórica dos novos circuitos virtuais pode coexistir com modelos "progressistas" de normalização e controlo. Citação:
>>> As novas formas de tecnologia e as novas formas de pensamento que lhe são sincrónicas têm uma estranha e avassaladora capacidade de gerar novas pedagogias de dominação. Fragilizando o humano neste processo de entendê-lo como sua hibridização, com as máquinas as possibilidades de singularização são-lhe retiradas ou oferecidas apenas como etiquetas, identidades prêt-à-porter. Daí deriva a estranha convivência de uma certa euforia algo maníaca com o seu par patológico: o pessimismo depressivo do pós-moderno e a anestesia da sociedade de controlo.
(págs. 160/161)
>>> Página de Ieda Tucherman no site da UFRJ.