quinta-feira, junho 07, 2012

Ray Bradbury (1920 - 2012)

Autor de livros de culto como The Martian Chronicles (1950), The Illustrated Man (1951) e Fahrenheit 451 (1953), é um nome central na história da ficção científica da segunda metade do século XX: Ray Bradbury faleceu no dia 5 de Junho, em Los Angeles — contava 91 anos.
Nascido em Waukegan, Illinois, começou a publicar contos mais ou menos fantásticos (gostava, aliás, de usar a noção de fantasia, em vez de "ficção científica", para caracterizar a sua escrita) na década de 40, em revistas como Weird Tales, Astounding Science Fiction e Captain Future. O seu primeiro livro, Dark Carnival, surgiu em 1947. As personagens de Flash Gordon e Buck Rogers, a par da escrita de Edgar Allan Poe, são referências fundadoras do seu trabalho, cedo envolvendo uma sábia contaminação de aventura, surpresa e especulação filosófica. Entre os seus títulos mais famosos, incluem-se:

* THE MARTIAN CHRONICLES (1950): colecção de contos sobre os conflitos gerados pela colonização de Marte pelos humanos.
* FAHRENHEIT 451 (1953): romance sobre uma América futurista em que os livros passaram a ser objectos proibidos.
* SOMETHING WICKED THIS WAY COMES (1962): centrado em dois adolescentes que vêem chegar à sua cidade uma espécie de circo ambulante cujo dono, "Mr. Dark", exerce estranhos poderes sobre os cidadãos.
* DEATH IS A LONELY BUSINESS (1985): um thriller de bizarra intimidade, tendo como narrador um homem que tenta compreender e desvendar uma série de crimes cometidos na zona de Venice, Los Angeles.
* GREEN SHADOWS, WHITE WHALE (1992): uma ficção que integra algumas referências autobiográficas, em particular sobre o tempo passado com o realizador John Huston, escrevendo o argumento para a sua versão de Moby Dick, lançada em 1956.

A bibliografia de Bradbury é imensa, incluindo dezenas de contos (dispersos por muitas antologias, individuais ou colectivas), peças de teatro e livros para crianças, além de diversos ensaios sobre literatura — em 1990, por exemplo, publicou Zen in the Art of Writing, especialmente focado nas especificidades do seu trabalho como escritor.
A sua obra está amplamente representada no cinema e, sobretudo, na televisão. A adaptação mais célebre, Fahrenheit 451 (1966), entre nós chamada Grau de Destruição, foi dirigida por François Truffaut, com Oskar Werner e Julie Christie nos papéis principais [video: num registo da Universal Studios, Bradbury fala da gestação e dos temas do livro]. A versão cinematográfica de The Illustrated Man (1969), com Rod Steiger, foi dirigida por Jack Smight. Como argumentista, além do citado Moby Dick, manteve relações regulares com a televisão, tendo contribuído para séries como Alfred Hitchcock Presents e The Twilight Zone. De qualquer modo, a sua colaboração mais longa com o meio televisivo aconteceu através da série The Ray Bradbury Theater, produzida ao longo de seis temporadas, duas pela HBO (1985-86), as restantes pela USA Network (1988-1992) — todos os 65 episódios foram escritos por Bradbury.
Entre as muitas distinções recebidas por Bradbury ao longo da sua carreira, incluem-se: uma medalha da National Book Foundation (2000), pelo seu contributo para as letras americanas; e a National Medal of Arts (2004), entregue pelo Presidente George W. Bush. Em 1992, um asteróide recentemente descoberto recebeu o nome de "9766 Bradbury".


>>> Obituário no New York Times.
>>> Indiana University School of Liberal Arts: site do Centro de Estudos dedicado à obra de Ray Bradbury.
>>> Site oficial de Ray Bradbury.