quarta-feira, junho 27, 2012

Novas edições:
Santigold, Master of My Make Believe


Santigold 
“Master of My Make Believe” 
Atlantic / Warner 
4 / 5

Foram quatro anos de espera. Editado em 2008, Santogold escutava ideias além do horizonte dos acontecimentos do firmamento então corrente e lançava, num espaço onde se cruzava a angulosidade de heranças da cultura new wave com o state of the art das “danças” (do dub ao dub step), sugestões que o tempo viu outras vozes, entretanto a assimilar e fazer o vocabulário corrente do nosso tempo. Em quatro anos o “o” do nome deu lugar ao “i” (na verdade aproximando-se da verdade do seu nome, Santi White) e geriu bem os tempos de ausência. Agora, quatro anos depois, Master of My Make Believe dá o passo certo em frente, contribuindo para um repensar da escrita pop numa encruzilhada de referencias que, tal como no álbum de estreia, sabem cruzar heranças com linhas que definem o presente, uma vez mais lançando os objetivos (e as canções) algures num futuro próximo. Go!, com Karen O dos Yeah Yeah Yeahs pode dar o mote, mas tal como a imagem da capa do álbum sugere, Santi White sabe que tem vários rostos e a sua música vários corpos. Pelo que o alinhamento do álbum sugere uma experiência de constante surpresa e dinamismo, ora caminhando entre a assimilação de ecos da cultura dub, a convivência com um modo muito atual de criar cenografias com recurso às eletrónicas ou reencontros com latitudes dubstep, sem contudo esquecer memórias estruturantes que passam pela Nova Iorque de inícios dos oitentas via Talking Heads ou Tom Tom Club (This Isn’t Our Parade) ou da Londres multi-cultural pós-punk, via Bow Wow Wow (The Keepers). Memórias e um presente (que se vinca em colaborações com nomes como Dave Stiek, dos TV on The Radio ou os Buraka Som Sistema) cruzam-se para repensar, como o fizeram já tantos outros espíritos inquietos, novas expressões e visões possíveis numa gramática pop. Porque, no fim, e apesar da multidão de linguagens e formas que o disco de Santigold convoca (e arruma de forma exemplar), nunca deixamos de sentir que há aqui uma vontade maior em manter firme uma ideia de canção pop. E tal como em 2008, Santigold volta a fazer sua a expressão do que é o mais entusiasmante presente neste domínio.