quarta-feira, junho 20, 2012

Novas edições:
Metric, Synthetica


Metric
“Synthetica”
Metric Music International
3 / 5

Ouvimo-los, há bem pouco tempo, na banda sonora de Cosmopolis, o mais recente filme de David Cronenberg. De resto, não é coisa nova a presença dos canadianos Metric nos grandes ecrãs, entre as suas mais antigas memórias passando a presença (não só da música, mas nas imagens) por Clean, de Olivier Assayas (2004), onde apresentavam um dos temas de Old World Underground, Where Are You Now?, o seu álbum de estreia editado poucos meses antes. Um dos rostos mais interessantes de uma geração que fez da redescoberta do fulgor pop da new wave a sua principal fonte de inspiração, os Metric conseguem ser ainda um dos raros casos de sobrevivência entre os muitos que então entraram em cena, eventualmente brilharam e depois tropeçaram, acabando breves memórias a guardar em episódios cada vez mais esquecidos da banda sonora da década dos zeros. O novo álbum, Synthetica, tal como o anterior Fantasies (de 2009) não procura fugir daquele que tem sido o lugar que a banda talhou desde que fez de Combat Baby um dos grandes hinos dos zeros, aliando as guitarras e os sintetizadores a uma atitude pop, a voz de Emily Haines falando a seu favor. Desta vez a vocalista fez questão de lançar o disco com uma declaração de princípios que nele aponta uma demanda por um confronto entre o real e o artificial. Mais que esse debate – tão do nosso tempo, é verdade – Synthetica traduz ainda o reconhecimento de que houve um tempo que passou e experiências que agora podem ser confrontadas com o que o presente coloca à sua frente. E da verdade desse reconhecimento surge uma coleção de canções que, mesmo não prometendo surpreender como as do álbum de 2003 lhes permitem, como em 2009, assinar mais um passo numa obra que assim ultrapassa uma etapa de amadurecimento da sua personalidade criativa. Com cereja sobre o bolo num belo dueto com Lou Reed que escutamos em The Wonderlust, o quinto álbum dos Metric não é daqueles momentos que vão marcar a história do ano. Mas dá-lhes bons motivos para os continuarmos a acompanhar e, sobretudo, vontade de os ver num palco (e não é para isso que servem muitos dos discos pop que se fazem hoje em dia?).