sexta-feira, maio 18, 2012

Novas edições:
Tangerine Dream, The Virgin Years 1977-1983


Tangerine Dream
“The Virgin Years 1977-1983”
Virgin Records / EMI Music
2 / 5

A passagem dos Tangerine Dream pelo catálogo da Virgin Records é assinalada através da edição de uma integral servida em dois grupos de CDs. Caixas, sim, mas sem os “luxos” habituais das edições que respondem por este nome, cada conjunto de CDs surgindo em jewel cases múltiplas com pouco mais que um booklet com a informação sobre o alinhamento e já está. O primeiro conjunto, revisitando a obra editada entre 1974 e 78 encerra em si a etapa estética e historicamente mais significativa da obra do grupo alemão, sendo evidentes as contribuições de álbuns marcantes como Phaedra e Rubycon para a então emergente visibilidade de uma nova vida para a música electrónica. O segundo volume – The Virgin Years 1977 – 1983 – junta em cinco CDs os sete álbuns lançados pela editora nesse período, dois deles gravados ao vivo. Razões deverão existir para que um “salto” na arrumação cronológica dos discos revisitados nesta integral tenham antecipado Cyclone (1978) e empurrado o registo ao vivo Encore (1977) para este segundo volume. Sobretudo quando há entre Cyclone (onde se desenham afinidades com os ecos do prog) e Force Majeure (de 1979) onde se definem caminhos que foram já descritos no quadro do (não muito interessante) space rock. Este segundo volume centra contudo atenções no momento em que, na alvorada dos oitentas, os Tangerine Dream integram no seu espaço de trabalho novos sintetizadores, da sua exploração (mais que da composição em si mesma) surgindo a mais importante das suas contribuições para o panorama da época e para os dias que se seguiram. Por esta altura o cinema descobriu a sua música e muito do seu trabalho mais visível na época surgiu então em bandas sonoras (para filmes como Risky Business, de Paul Brickman, Wavelength, de Mike Gray ou A Lenda da Floresta, de Ridley Scott, entre retratos da juventude de então e cenários de ficção científica e fantasia a visão do grupo definindo paradigmas que marcariam algum do cinema de então. Antes da maré de bandas sonoras, alguns dos seus primeiros álbuns dos oitentas traçaram o caminho para chegar a essa mesma linguagem. Ideias que encontramos em discos como Tanagram (1980) e Exit (1981), com um pouco mais de tempero new age em White Eagle (1983). Por esta altura, apesar das ocasionais composições mais extensas, os Tangerine Dream procuravam agora peças mais concisas acolhendo contudo ecos do entusiasmo rítmico e melodista de alguns dos seus discos em meados dos anos 70. O melhor título desta fase é, mesmo distante dos seus melhores dias, o álbum Hyperborea (1983), disco que concilia heranças das visões longas e elaboradas que o grupo experimentara nos setentas com uma nova alma pop. Esta segunda caixa inclui ainda o registo ao vivo Logos, de 1982, complemento para um retrato que, muito longe das melhores ideias que podemos escutar no volume 1 traduz, um pouco como se verificou na mesma época com figuras como Jean Michel Jarre ou Vangelis como estes pioneiros das electrónicas foram em tudo ultrapassados por noves gerações de músicos, dos expoentes de uma nova pop electrónica (Human League, Soft Cell ou Depeche Mode) a visionários em terreno alternativo (Cabaret Voltaire, Front 242 ou New Order).