Spandau Ballet
“The Albums 1980-84”
Chrysalis / EMI Music
3 / 5
“The Albums 1980-84”
Chrysalis / EMI Music
3 / 5
A sua história remonta aos finais dos anos 70, sob outras designações, o nome Spandau Ballet surgindo já perto da viragem dos oitentas, numa altura em que, da convivência com a música de uns Kraftwerk e outras novas forças de uma pop que descobria as electrónicas surgindo uma música essencialmente centrada na exploração da percussão, suportada pelas teclas e com espaço para a voz projetada de Tony Hadley, secundarizando claramente o papel da guitarra. Naturais de Londres, os Spandau Ballet tornaram-se frequentadores habituais do Blitz e outros espaços onde se inventava o que iam ser os oitentas. Várias editoras bateram-se pela sua assinatura, a Chrysalis conseguindo chegar a um acordo que logo os levou a estúdio, de lá saindo num ápice o single To Cut a Long Story Short canção que, juntamente com Vienna dos Ultravox e Fade to Grey dos Visage tornava visível (e com apetite mainstream) o que até então fora a aventura localizada e noturna do fenómeno que emerge sob o rótulo new romantic. Os Spandau Ballet afirmam-se então como uma das bandas de proa do movimento do qual, tal como os Duran Duran, se começam a afastar em meados de 1981, ainda em tempo de vibrante expressão global. Dois anos depois, com os êxitos globais de True e Gold tornam-se num caso de popularidade mainstream, o interesse dos seus discos caindo de forma inversamente proporcional ao sucesso que vão conquistando. A fama maior não sobrevive contudo ao passar da época 1983/84 e quando em 1986 editam Through The Barricades, além de estarem transformados num coletivo absolutamente inconsequente as vendas de discos indiciam um recuo que se acentuará até à separação, que chega depois de Heart Like a Sky (1989). Três anos depois da reunião para nostalgia ouvir, uma caixa de quatro CD junta os quatro álbuns que correspondem à etapa comercialmente mais suculenta do grupo. Porém, há aqui do melhor ao nem por isso. Usando como base de trabalho as edições remasterizadas de 2010 (porém sem os temas extra), os quatro primeiros álbuns são apresentados em capas de cartão que reproduzem os LPs originais. A jóia da coroa é o magnífico Journeys To Glory (1980), não só um dos discos maiores do movimento new romantic mas um dos grandes discos pop do inícios dos oitentas. Produzido por Richard James Burgess (que então era a alma dos Landscape), o disco vinca, sob a voz forte e clara de Tony Hadley, a linguagem pop angulosa de To Cut a Long Story Short numa sequência de canções que ajudaram a definir o som do movimento que os lança. Clássicos como The Freeze ou Reformation e os magníficos Confused e Toys (onde as guitarras ganham inesperada visibilidade, o primeiro em clima que pisca o olho à elegância de uns Roxy Music, o segundo evocando mais um Bowie) são episódios de um álbum que marcou o seu tempo e gerou descendência. Um ano depois, em Diamond, o grupo ensaia uma derivação da mesma linguagem angulosa através da assimilação mais direta de matrizes white funk, marcando através de temas como Chant #1 ou Paint Me Down a afirmação de nova etapa. O disco não mostra contudo nem a coesão do anterior nem tão boas canções. A viragem chega em 1983 quando, com novos produtores, o grupo que anos antes era ousado e diferente surgia reinventado como confortável e moldado aos caminhos do gosto menos exigente. True (1983), dominado por baladas feitas de pompa e sofisticação e o posterior Parade (1984), onde moram canções de desconcertante banalidade arrumam então os Spandau Ballet num patamar diferente daquele em que haviam nascido. E a banda que respirara entusiasmo em 1980 era, em meados dos anos 80, uma das presenças menos estimulantes do panorama pop global.