terça-feira, abril 17, 2012

Novas edições:
Young Magic, Melt


Young Magic
“Melt”
Carpark Records
3 / 5

São hoje um trio, apresentam-se sob o nome Young Magic, mas o que escutamos em Melt, o álbum de estreia deste projeto que tem agora Brooklyn como casa não é mais senão uma soma de episódios das viagens de Isaac Emmanuel, o australiano admirador de Brian Wilson e Bob Dylan que é a alma criativa da banda. A aventura começou do outro lado do mundo, num percurso algo nómada que o fez passar por vários lugares, em cada casa onde ia ficando procurando os instrumentos disponíveis e as experiências vividas para, aos poucos, construir peças de um mosaico que agora, juntas, fazem um mundo maior. Foi já em Nova Iorque que deu forma definitiva aos Young Magic, chamando a presença de um outro australiano e de um indonésio (deixando assim as coisas com DNA claramente herdeiro de vidas no Pacífico). No ano passado o single Sparkly dava sinais de uma banda com afinidades com os (neo-zelandeses) The Ruby Suns na forma de entender a assimilação de referencias e, mais ainda, o trabalhar de formas com linhas mais livres e curvas que retas e firmes. De certa forma o que escutamos aqui é consequência natural da abertura (e posterior consagração) de um espaço de atenção da cultura indie com ecos de vivências "tribais" que teve no trabalho dos Animal Collective na década dos zeros os seus messias. A música que escutamos em Melt não procura contudo aí as suas referencias formais, aceitando antes as suas experiências como política de libertação. As canções são mais aguarelas que óleos, os tons suaves dos acontecimentos diluindo as formas nas fronteiras umas das outras, vozes, elementos rímicos e cenografias moldando uma música que sugere, no que poderia acabar como caos, um corpo de formas maleáveis que evolui tranquilamente em vários sentidos, uma vez por caminhos mais ritmados e luminosos (como em Slip Time) outras em atmosferas mais tensas (como nas sombras shoegazer que escurecem Night in The Ocean). Talvez sem o apelo pop de algumas canções dos Ruby Suns, nem a angulosidade mais dançável de uns Casiokids, mas propondo mais um episódio de afirmação de um espaço que vai ganhando adeptos em tempo real.