Rufus Wainwright
“Out Of The Game” Decca
3 / 5
“Out Of The Game” Decca
3 / 5
Uma coisa era já sabida e certa: Rufus Wainwright não gosta de se repetir. E apesar de ser dono de uma voz que não se confunde com mais nenhuma outra e de ser autor de uma obra que desde a primeira canção deixa clara uma ideia de personalidade, tem procurado circular por caminhos diferentes de disco em disco. E do sinfonismo do díptico Want ao minimalismo de recursos de All Days Are Nights: Songs For Lulu, a sua música passou já por uma invulgarmente versátil amplitude de referencias e trilhos, ora reinventando um concerto histórico de Judy Garland, assinando versões de canções dos Beatles ou Leonard Cohen ou até mesmo compondo Prima Donna, a sua primeira ópera. Out of The Game é o seu sétimo álbum de originais e, desde logo pelo choque da cor que a capa sugere, fica claro que é coisa luminosa e pop. Este é, de resto, o mais sorridente de todos os seus álbuns (o que não significa a ausência de instantes de retiro mais melancólico), a própria escolha de Mark Ronson como produtor sublinhando os resultados de uma escrita que produziu uma mão cheia de canções de alma mais pop que o habitual. Fala-se de nomes como os de David Bowie, Elton John e Queen como referencias a um álbum que toma os anos 70 como fonte de inspiração, na verdade parecendo por vezes mais evidentes alguns caminhos do R&B americano de então na construção de alguns arranjos (de resto, o Bowie mais evidente aqui é de 1967, em Welcome To The Ball). Dada a sua reconhecida capacidade vocal e gosto por uma certa teatralidade, Rufus caminha que nem peixe na água por estes lados. Mas salvo em momentos de excelência como se escuta no arrebatador Jericho ou nas imersões em terreno desenhado por electrónicas em Montauk e Bitter Tears, o alinhamento de Out Of The Game revela canções sem o fulgor nem o arrepio de outros discos, a focagem nas formas pop representando interessante destino ocasional para Rufus, não terreno para tão longa temporada... Out Of The Game não é um disco mau nem desinspirado. Mas já ouvimos melhor em Rufus Wainwright. Ou, antes, estas molduras talvez não sejam as melhores para a sua música...