segunda-feira, abril 09, 2012

Novas edições:
Grimes, Visions


Grimes 
“Vision” 
4 AD Records 
3 / 5

Chama-se Claire Boucher, é canadiana e assina os seus discos como Grimes. Revelada em 2010 por Geidi Primes (álbum com título emprestado de um dos planetas de Dune, de Frank Herbert), acaba de ver lançado entre nós o seu terceiro álbum, o primeiro que edita através da 4AD Records. Visions teve por aperitivos os singles Genesis e Oblivion, este segundo uma pequena e delicada pérola que cruza uma geometria electro com uma alma pop de afinidade chill wave. A arrumação de ideias, ou seja, a capacidade de estabelecer um caminho e uma ordem que sustenta todo o alinhamento de um disco é característica que podemos reconhecer em Visions, álbum que define um rumo e a ele entrega a condução dos acontecimentos ao longo das suas 13 faixas. Já o brilho pop de Oblivion não conhece contudo par, o disco acabando, apesar dessa coerência nas formas, por respirar apenas ocasionais momentos de maior inspiração. Grimes é expressão de uma certa forma de viver referencias e tendências. Claire Boucher parece, de resto, saber para onde quer ir. Se os dois singles acima citados a inscrevem numa geração de vozes femininas em clima electrónico de gosto pop (sem contudo chegar aos patamares de uns Fever Ray ou Austra) e se mostra evidente o seu interesse por cenografias assombradas e pela exploração de texturas digitais (escute-se por exemplo Circumambient ou Be a Body), já a pose vocal padece de maneirismos que encurtam os horizontes em que a música poderia projetar. Há quem lhe tenha aplicado o “rótulo” witch house, sub-género citado em algumas publicações (mas que resulta mais da vontade em inventar nomes que outra coisa qualquer e não quer dizer absolutamente nada). Com ou sem bruxedos, a verdade é que Visions transpira acima de tudo a coisa hipster, somando mais ideias que capacidade em concretizá-las na forma de canções. Há momentos magníficos. Ordem interna e um rumo. Boas ideias de som, belíssimas referencias. Mas, apesar de alguns bons momentos, estamos longe de encontrar aqui o álbum que Oblivion prometia.